Saúde implementa teste de DNA-HPV no combate ao câncer de colo de útero
O Ministério da Saúde iniciou a implementação do teste de biologia molecular DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS). A partir desta sexta-feira (15), a tecnologia 100% nacional passa a fazer parte do novo rastreamento organizado do câncer de colo do útero na rede pública, prometendo um avanço significativo para a detecção precoce e tratamento da doença. A iniciativa, que inicialmente contempla 12 estados brasileiros, utiliza a infraestrutura de biologia molecular criada durante a pandemia de Covid-19, agilizando o diagnóstico e reduzindo o tempo de espera.
A principal vantagem do novo teste é sua alta sensibilidade. Ao detectar 14 genótipos do Papilomavírus Humano (HPV), o método identifica a presença do vírus no organismo antes mesmo que ocorram lesões ou estágios iniciais de câncer, inclusive em mulheres assintomáticas. "Com diagnóstico mais rápido e tratamento precoce, podemos salvar muitas vidas", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Essa detecção antecipada aumenta drasticamente as chances de cura, já que o HPV é a principal causa do câncer do colo do útero, o terceiro tipo mais incidente em mulheres no Brasil.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta 15 novos casos da doença para cada 100 mil mulheres, totalizando 17.010 casos por ano no triênio 2023-2025. O novo modelo de rastreamento é um marco para a saúde feminina, com benefícios que vão além da maior sensibilidade diagnóstica. A tecnologia, por ser mais eficaz, permite que os intervalos entre as coletas sejam ampliados para até cinco anos, o que reduz a necessidade de exames desnecessários e otimiza recursos. O novo método também garante um rastreamento equitativo e de alta performance, alcançando mulheres em áreas remotas ou com menor acesso a serviços de saúde.
O teste de DNA-HPV, produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, ligado à Fiocruz, substituirá o exame citopatológico Papanicolau como método primário de rastreamento. O Papanicolau, que antes era realizado a cada três anos, passará a ser usado apenas para confirmação de casos onde o teste molecular der positivo. O ministro Padilha destacou a eficiência do novo método, que elimina a necessidade de nova coleta para exames adicionais, pois a mesma amostra serve para todas as análises necessárias, agilizando o encaminhamento ao tratamento.
A implementação faz parte do Plano Nacional para o Enfrentamento do Câncer do Colo do Útero, que busca rastrear cerca de 5,6 milhões de mulheres nos próximos cinco anos, nos estados onde a iniciativa já começa a ser oferecida gradualmente. A meta é que, até dezembro de 2026, o rastreamento esteja presente em todo o território nacional, beneficiando 7 milhões de mulheres de 25 a 64 anos anualmente. "Graças ao SUS e à parceria com estados e municípios, o Brasil será capaz de implementar nacionalmente essa tecnologia em tempo recorde", pontuou o ministro, comparando a velocidade da implantação brasileira com a de países como Reino Unido e Espanha, que levaram de dois a três anos para alcançar o mesmo feito.
Para garantir o sucesso do rastreamento organizado, as equipes de Saúde da Família e os Agentes Comunitários de Saúde terão um papel fundamental, convidando ativamente mulheres do público-alvo (25 a 64 anos) para realizar o exame. O Ministério da Saúde também planeja disponibilizar a autocoleta do material ginecológico para populações com dificuldade de acesso ou resistência ao exame, como mulheres em situação de rua, privadas de liberdade, e outras em condição de vulnerabilidade. O procedimento de autocoleta será ensinado por um profissional de saúde, e a amostra será entregue em uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
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