Moradores modificam estrutura de prédio e imóvel desaba dias depois no Grande Recife
Um edifício desabou, na última terça-feira (6), no Grande Recife, após sofrer modificações internas em ao menos quatro apartamentos, sem acompanhamento técnico, antes da tragédia. Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), as reformas foram feitas sem aval de engenheiros e incluíram a remoção de paredes, o que pode ter comprometido a estrutura do prédio.
Construído no modelo conhecido como “caixão”, o prédio utilizava paredes como base de sustentação, sem vigas ou pilares. De acordo com o Crea, qualquer alteração no layout interno, especialmente em construções desse tipo, pode redistribuir a carga de forma inadequada e causar colapso. A gerente de fiscalização do órgão, Denise Maia, afirmou que nenhuma das reformas apresentava laudo ou anotação de responsabilidade técnica.
“Houve demolição de parede e a gente sabe que tem redistribuição de carga, porque é a alvenaria que resiste. A nossa função, naquele momento, foi verificar se isso foi acompanhado por um engenheiro, e não foi. Pelo menos no que a gente solicitou à administração do prédio, a síndica não apresentou nenhuma documentação e, no nosso sistema, também não consta”, disse.
A vistoria do Crea aconteceu horas antes do desabamento, após denúncias sobre o estado da construção. A síndica do prédio informou que pelo menos quatro apartamentos haviam sido modificados por moradores, que derrubaram paredes internas. "Como é um prédio de alvenaria resistente, esse tipo de obra sem controle técnico pode ser fatal", explicou Denise.
Ainda segundo o Crea, nenhuma das obras foi registrada no sistema do conselho e não houve apresentação de documentos que comprovassem o acompanhamento de um engenheiro. O órgão destacou que reformas internas são permitidas, mas devem seguir critérios técnicos rígidos, principalmente em prédios com estrutura sensível, como os do tipo “caixão”.
O prédio, com quatro andares e 16 apartamentos, felizmente havia sido interditado dois dias antes do desabamento por apresentar sinais de risco, como rachaduras, abatimento de piso e movimentação estrutural. Às 10h51 da terça-feira (6), parte da edificação veio abaixo. A Defesa Civil já havia realizado uma vistoria no local mais cedo, para garantir que não havia mais moradores no interior do imóvel.

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