Mariposas que causaram surto no Pernambuco podem ser encontradas em todo o Brasil
O surto de lesões que causam coceira e que foram registradas em mais de 20 cidades do Pernambuco está sendo relacionado a uma espécie de mariposa que é encontrada em todo o Brasil, a Mariposa Hylesia. Em nota técnica emitida nesta quarta-feira, 8, a Sociedade Brasileira de Dermatologia informou que nos exames realizados com os pacientes afetados, foi comprovada a existência de cerdas liberadas pelas mariposas do gênero Hylesia.
Essas cerdas podem permanecer na pele por até semanas, causando a dermatite, com muita coceira e irritação. Não é necessário o contato direto com o inseto para ser infectado, basta que as cerdas sejam liberadas pelos insetos durante o voo, e, levadas pelo ar, caiam sobre móveis, roupas e entrem em contato com a superfície da pele. "Esse voo costuma ocorrer à noite. Não é à toa que os pacientes relatam que essa coceira é mais intensa no período noturno e, além de caírem sobre a superfície da pele, podem ficar sobre móveis, sobre roupas, se ficarem em contato com essas mariposas", informou a dermatologista Cláudia Ferraz..
O sintoma é coceira, principalmente à noite, que pode durar entre 7 e 20 dias. Não há sintomas como dor de cabeça e mal estar, somente a coceira, o que auxiliou os pesquisadores a fecharem o diagnóstico.
Antes disso, era investigada a hipótese das lesões se tratarem de sarna (escabiose), mas os pesquisadores já consideravam esta linha de investigação absurda porque não havia indícios básicos que pudessem apontar para sarna, como a forma de transmissão, a aparência das lesões e o fato de nenhum ácaro ter sido encontrado nas amostras das peles dos pacientes.
Espécie comum - Esse tipo de mariposa é encontrado em todo o continente americano e de acordo com o professor da Universidade Estadual Paulista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Toxinologia (área da toxicologia que estuda toxinas produzidas por organismos vivos), Vidal Haddad Junior, por vezes, o surto já aconteceu na Venezuela.
Como agir - Este tipo de surto de dermatites causados por essas mariposas não é muito comum, mas também não é raro. Conforme o Haddad informou ao G1, não há motivo para pânico. Os especialistas recomendam que a população evite matar as mariposas já que elas compõem a cadeia ecológica e fazer isso aumenta a liberação de cerdas danosas à saúde. O recomendado é que feche as portas da casa, especialmente à noite, e diminua a quantidade de luzes acesas, já que elas são atraídas por isso.
Quando elas aparecem mortas, não é recomendado varrê-las, porque isso pode espalhar mais as cerdas. Para retirá-las do local, até mesmo vivas, é recomendado usar um pano úmido.
Tratamento - Para alívio imediato da irritação na pele, recomenda-se compressas frias. O paciente deve buscar unidades de saúde para fazer o tratamento adequado, que geralmente ocorre com cortizona, pomadas com corticoide, anti-histaminicos e corticoides orais, dependendo da gravidade das lesões, evitando a automedicação - e por isso, a necessidade de atendimento profissional.
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