O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (23), durante compromisso oficial na África do Sul, que não comentará a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sem mencionar diretamente a detenção, Lula declarou que Bolsonaro deverá cumprir a pena estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), destacando que a decisão foi tomada após amplo processo de investigação e julgamento.

"A primeira coisa é que eu não faço comentário sobre decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão. Ele foi julgado. Ele teve todo direito à presunção de inocência. Foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento. Então, a justiça decidiu. Está decidido. Ele vai cumprir a pena que a justiça determinou. E todo mundo sabe o que ele fez", completou. A declaração foi dada a jornalistas após encontro da Cúpula de Líderes do G20, realizada em Joanesburgo, na África do Sul.

Questionado por jornalistas, Lula negou que a prisão de Bolsonaro possa trazer impacto negativo para a relação diplomática do Brasil com os Estados Unidos, comandados por Donald Trump. Ele defendeu a soberania das instituições brasileiras e afirmou que decisões internas devem ser respeitadas por qualquer país. “O Trump tem que saber que somos um país soberano”, declarou.

A declaração ocorre após Trump comentar que desconhecia a prisão preventiva de Bolsonaro, mas considerava a situação “uma pena”. A medida que levou à detenção do ex-mandatário foi determinada no sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, motivada pela convocação de uma vigília em frente ao condomínio de Bolsonaro e pela violação de sua tornozeleira eletrônica.

Ainda neste domingo, Bolsonaro passará por audiência de custódia, etapa em que um juiz avaliará se a prisão ocorreu de forma legal e decidirá pela manutenção ou não da detenção. Na segunda-feira (24), a Primeira Turma do STF inicia julgamento virtual para analisar se referenda a decisão de Moraes, com votos previstos entre 8h e 20h.