O governo federal deve anunciar nesta quarta-feira (13) um pacote de medidas para apoiar empresas exportadoras afetadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. O anúncio está previsto para as 11h30, no Palácio do Planalto, com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre as ações, será assinada uma Medida Provisória criando uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para companhias que perderam competitividade no mercado externo. Lula afirmou que essa é apenas a primeira parte de um conjunto de iniciativas que ainda está em análise.

Além do crédito, o pacote inclui medidas como ampliação de compras governamentais, abertura de novos mercados e prioridade para produtos com conteúdo nacional. O objetivo, segundo o presidente, é garantir a sobrevivência de empresas brasileiras atingidas pela medida americana. O plano também prevê o adiamento por até dois meses do pagamento de tributos federais e compras públicas de produtos perecíveis, como peixes, frutas e mel, que ficaram encalhados após a sobretaxa.

A tarifa de 50% está em vigor desde 6 de agosto e, até o momento, as tentativas de negociação com o governo dos Estados Unidos não avançaram. De acordo com auxiliares de Lula, o presidente americano Donald Trump condiciona qualquer diálogo ao encerramento dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe. Lula declarou que não sentiu disposição real dos EUA para negociar e que não pretende “se humilhar” para abrir conversas.

Sem perspectivas de acordo, o governo brasileiro intensificou a busca por novos mercados, com Lula conversando recentemente com líderes da Índia, Rússia e China. Após anunciar o pacote de ajuda, o Planalto pretende discutir medidas de reciprocidade contra produtos americanos. A possibilidade divide empresários: enquanto alguns temem encarecimento de importados e impactos negativos, outros acreditam que a medida poderia pressionar os EUA a rever as tarifas. Técnicos dos ministérios da Fazenda, Relações Exteriores e Indústria e Comércio já analisam ações específicas para responder à medida americana.