Um vídeo gravado por um policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) mostra o momento em que agentes entram em confronto com traficantes na região de mata conhecida como Vacaria, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A gravação, feita com um celular, revela a intensidade do tiroteio e a movimentação das equipes enquanto tentavam avançar pelas comunidades da Penha e do Alemão. A operação, realizada nesta semana, deixou quatro policiais mortos e mais de cem suspeitos detidos.

As imagens das câmeras corporais dos agentes mostram uma verdadeira cena de guerra. Durante o confronto, um policial do Bope foi atingido na perna e precisou ser socorrido por colegas, que também usavam máscaras de proteção contra bombas de gás lançadas durante a ação. O agente foi internado, recebeu atendimento médico e já teve alta hospitalar. Em outro registro, um drone mostra o momento em que uma bomba de gás é lançada contra um grupo de criminosos que tentava se esconder em meio à mata.

Segundo a Polícia Civil, as forças de segurança enfrentaram dificuldades para avançar nas áreas dominadas pelo tráfico, que estavam bloqueadas por barricadas feitas com carcaças de carros queimados. Um blindado precisou ser usado para remover os obstáculos e permitir a entrada das equipes. Ao todo, 117 corpos foram levados ao Instituto Médico-Legal (IML), sendo que 109 já foram identificados e 99 liberados para as famílias.

O Ministério Público denunciou 69 pessoas envolvidas no tráfico de drogas nas comunidades. Cinco foram presas durante a operação, enquanto líderes da facção Comando Vermelho, como o traficante conhecido como Doca, continuam foragidos. Outros 113 suspeitos foram detidos ao longo da ação, e dois deles foram liberados após audiência de custódia.

Na Penha, o clima ainda é de medo e incerteza. Moradores relatam que o comércio segue aberto, mas com movimento reduzido. Locais tradicionais, como a Igreja da Penha e o parque de diversões da região, ficaram quase vazios no fim de semana. “O bairro está tentando voltar à normalidade, mas ainda há muita preocupação. O que queremos é tranquilidade para trabalhar”, disse um comerciante.