Especialista diz que aposta suicida fez Brasil virar celeiro de variantes
Manaus/AM - Enquanto a segunda onda da pandemia se alastra país afora, especialistas alertaram o Governo quanto ao risco de uma segunda onda tentam explicar que é necessário a realização de um lockdown para conseguir controlar a situação de mortes e novas infecções que não param de disparar diariamente.
Segundo o epidemiologista Antônio Lima Silva Neto, as autoridades tardaram e continuam tardando em adotar medidas realmente eficazes como outros países e por isso, tem virando "um celeiro de variantes". Para ele, o Brasil tem a pior gestão do mundo da pandemia e é sabotado pelo negacionismo que apostou que a pandemia não voltaria.
Ele explica que quando houve uma queda de casos no fim da primeira onda, o Governo poderia ter evitado a segunda com a vacinação em massa da população, mas isso não e milhares vidas voltaram a ser ceifadas:
“Nesse aspecto surge um novo enorme erro relacionado à aquisição de vacinas. Se você insiste no tratamento sem eficácia, se você não dá valor às evidências, se você não segue a Organização Mundial de Saúde e fica refém de milagres, deixando as pessoas adoecerem para tratar com medicamentos sem eficácia nenhuma, você passa a não priorizar a vacina”, afirmou em entrevista ao Uol.
Para o epidemiologista, o Brasil fez uma aposta mortal: “A gente fez uma aposta suicida de que isso não aconteceria e virou um grande celeiro de variantes, de produção de casos em escala enorme. Essa segunda onda começou a se desenhar em outubro e novembro, praticamente em todos os estados brasileiros. Não é nada não previsto.
Para ele, o negacionismo persistente que parte do próprio Governo e promove desinformação e resistência às medidas protetivas complica ainda mais a situação: “Nós entramos no discurso que ecoava do [então presidente americano Donald] Trump naquele momento, que era o discurso do tratar, não de prevenir; de deixar o vírus mais solto para se adquirir uma imunidade de rebanho à força, mesmo que ao custo de milhares de vidas. Outro ponto é que não houve estímulo à construção de critérios para estados e cidades adotarem medidas mais agressivas de isolamento social. Isso não foi discutido, nem estimulado. Nem sequer houve estímulo ao uso de máscaras. Paralelamente a esses grandes erros, vieram outros problemas, como o baixíssimo investimento na parte de exames, não houve uma atmosfera de colaboração no sentido de expansão da rede de laboratório quando necessário. Além disso, tivemos a limitação da testagem e do próprio rastreamento de contatos. ”, destaca.
O especialista acredita que a iniciativa do pacto nacional é muito válida, mas acredita que ela será novamente boicotada pelo Governo Federal como outras medidas têm sido boicotadas há meses.
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