Apesar de poder ficar com relógio, Lula pede para devolvê-lo pessoalmente ao TCU
A recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que isentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de devolver um relógio de luxo recebido como presente em 2005, levou o presidente a contatar Bruno Dantas, presidente do TCU. Lula expressou o desejo de entregar pessoalmente o relógio, mas o tribunal informou que não possui estrutura para armazenar o objeto em segurança. Em casos anteriores, como o de Jair Bolsonaro, as joias foram entregues a uma agência da Caixa Econômica Federal.
Durante a ligação, Lula manifestou descontentamento com a decisão, que foi favorável ao voto de Jorge Oliveira, um aliado de Bolsonaro. Esse voto é interpretado como um benefício ao ex-presidente, que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta apropriação e tentativa de venda de joias pertencentes ao Estado.
Lula recebeu o relógio em 2005 e, de acordo com a defesa, nunca o usou nem tentou vender. Em 2016, o TCU decidiu que ex-presidentes poderiam manter bens pessoalíssimos, mas joias não se enquadravam nessa regra. Bolsonaro, no entanto, manteve e tentou vender joias recebidas do governo saudita.
A Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou que irá recorrer da decisão do TCU, buscando aplicar a regra apenas a itens recebidos após 2016, quando a norma foi estabelecida. Isso significaria que Lula não precisaria devolver o relógio, já que o recebeu antes dessa data.
A discussão sobre a devolução do relógio também pode influenciar a análise do caso das joias de Bolsonaro, que foram vendidas por assessores nos EUA, com um valor estimado de R$ 6,8 milhões. A decisão do TCU foi marcada pelo voto de Jorge Oliveira, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro.
Veja também
ASSUNTOS: Brasil