Anac cassa o certificado de operação da Voepass após tragédia em Vinhedo
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cassou em definitivo o certificado de operação da companhia aérea Voepass, após constatar que a empresa realizou ao menos 2.687 voos com aeronaves em condições consideradas não aeronavegáveis entre agosto de 2024 e março de 2025. A decisão foi tomada após uma fiscalização que apontou falhas graves na manutenção de sete aviões da frota, mesmo após o acidente que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), em agosto do ano passado.
Segundo o relator do processo, diretor Luiz Ricardo Nascimento, a Voepass descumpriu procedimentos obrigatórios de segurança e manutenção. Entre as irregularidades apontadas estão 20 inspeções críticas que deixaram de ser realizadas. A Anac destacou que o comportamento da empresa, mesmo após uma tragédia, demonstrou negligência sistemática e falhas organizacionais profundas. A empresa já estava com as atividades suspensas desde março.
Durante a reunião que selou a cassação do certificado, o advogado da Voepass classificou a medida como uma “pena perpétua”. No entanto, a agência reguladora afirmou que a decisão é necessária para garantir a segurança da aviação no país e proteger os usuários do transporte aéreo. O Ministério dos Portos e Aeroportos também se manifestou, dizendo que a medida reforça o compromisso do governo com a integridade das operações aéreas.
A Voepass atendia 16 destinos e operava voos em codeshare com a Latam, que informou ter reacomodado ou reembolsado 85% dos 106 mil passageiros afetados. Em Ribeirão Preto, onde a empresa tinha sede, a suspensão impactou cerca de 15 mil passageiros mensais. A Latam concluiu os atendimentos restantes em abril. A cassação ocorre 10 meses após o maior desastre aéreo no Brasil em quase duas décadas.
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