Abin espionou autoridades do Paraguai antes de visita de ministro de Lula, diz PF
Documentos obtidos pela Polícia Federal indicam que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) executou ações de espionagem contra autoridades do Paraguai durante o governo Lula, às vésperas de uma visita oficial do chanceler Mauro Vieira ao país vizinho, em março de 2023. Segundo uma reportagem do UOL, entre os alvos da operação, segundo os registros, estaria o então ministro das Relações Exteriores paraguaio, Julio César Arriola. Os documentos foram apreendidos durante a investigação sobre uma estrutura conhecida como "ABIN paralela".
De acordo com um dos servidores ouvidos pela PF, a ABIN utilizou um programa de invasão para acessar arquivos de integrantes do governo paraguaio. A ação teria ocorrido com o conhecimento do atual diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa. Um dos materiais encontrados pela PF mostra que a ABIN teve acesso à minuta do discurso de Arriola, elaborado no dia anterior ao encontro com o ministro brasileiro, cujo tema principal era a renegociação das tarifas da usina de Itaipu.
O governo Lula, ao comentar o caso, reiterou que a operação foi autorizada na gestão anterior, de Jair Bolsonaro, e que foi suspensa oficialmente em março de 2023, logo após sua descoberta. Contudo, os documentos apreendidos pela PF indicam que as atividades de espionagem continuaram ao longo do primeiro semestre daquele ano, incluindo a produção de relatórios, gráficos e apresentações com informações obtidas de forma clandestina, como arquivos internos do governo paraguaio.
Em nota, o Itamaraty reafirmou o conteúdo de seu posicionamento anterior, no qual nega envolvimento da atual gestão em qualquer operação contra um país vizinho. O governo paraguaio chegou a suspender as negociações sobre Itaipu à espera de esclarecimentos. A investigação sobre a espionagem contra o Paraguai será apurada de maneira separada da apuração principal da "ABIN paralela", conduzida pela PF.
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