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Pobreza, assassinatos e impunidade


Por Raimundo de Holanda

09/12/2023 23h27 — em
Bastidores da Política


  • O que falta à Polícia para levantar evidências que indiquem potenciais suspeitos e fundamentem inquéritos - peças essenciais para a condenação dos criminosos pelo sistema de justiça?

O Amazonas liderou o número de homicídios em 2021, com 1816. A matança cairia no ano seguinte, 2022, para 1.541 e fecharia parcialmente 2023 ( até outubro), com 1032. Se de um lado esse volume de assassinatos surpreende, de outro as investigações sobre os crimes  e seus autores padeceram de eficiência. 

Como resultado,  o sistema de justiça permanece inerte e a impunidade estimula uma “profissão” que nasceu dessa incapacidade da Polícia de  investigar, apurar materialidade e autoria, concluir inquéritos e acionar o Poder Judiciário: a pistolagem.

Num estado onde nem mesmo o sistema de bolsas para auxiliar os mais necessitados consegue reduzir o nível de pobreza extrema de parte de sua população, a vida (dos outros) ganhou um preço e é tabelada no submundo do crime.

Há relatos de que pistoleiros cobram execuções encomendadas pela  atividade exercida pela  suposta  vítima, valores que vão de R$ 300 a R$ 100 mil. E agem a luz do dia, expondo o rosto, em plena rua de Manaus, como foi o caso do assassinato do funcionário do Tribunal de Contas do Amazonas,  Erwin Rommel Godinho.

Evidentemente que não se pode cobrar mais do que a Polícia pode oferecer, como instituição de estado, sucateada, sem o número de peritos adequado para levantar evidências que indiquem potenciais suspeitos e fundamentem o inquérito policial. 

Mas é preciso transparência ao menos na indicação do número de homicidas  levados à justiça. Ao que se sabe, menos de 10% dos homicídios ocorridos nos últimos três anos tiveram seus autores identificados. É pouco. Ou quase nada.

 

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ASSUNTOS: Amazonas, crime, Manaus, pistolagem, polícia

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.