Julgamento político
Quando advogados de Bolsonaro alegam que não está sendo dado ao ex-presidente "paridade de armas", ao se referirem ao prazo exíguo (15 dias) para apresentação de defesa pelo STF, não estão usando de subterfúgio para legitimar a tese de que a corte tem agido com parcialidade. Defendem um tratamento igualitário, assegurado em Lei a qualquer acusado.
Afinal, a Procuradoria Geral da República passou cerca de três meses para analisar documentos e formalizar a denúncia de envolvimento do acusado em golpe de estado.
Essa recusa fortalece, também, o discurso de que o ex-presidente é um perseguido
político.
A questão é se a corte, que de certa forma alimenta, com essas medidas, a polarização da sociedade, está mandando às favas o devido processo legal e a ampla defesa, embarcando no barco político, com os vícios daí derivados.
É fato que Bolsonaro tem culpa e estava por trás de tentativa de golpe, mas o que se questiona é o caminho tomado pelo Supremo, que claramente sonega aos seus advogados acesso a documentos e extensão de prazo para formalização da defesa
ASSUNTOS: atentado à democracia, Bolsonaro, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.