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Governador do Amazonas se autoincrimina ao elogiar desempenho de Pazuello na pandemia


Por Raimundo de Holanda

14/06/2021 18h13 — em
Bastidores da Política


  • Ao elogiar o governo federal e seus prepostos, como Eduardo Pazuello, Wilson faz indiretamente uma admissão de culpa.

Se a CPI do Senado procurava culpados pela crise de oxigênio em Manaus, pelo uso de medicamentos impróprios para tratamento da Covid e pelas omissões que resultaram em perdas de vidas, não precisa mais inquirir o ex-ministro Eduardo Pazuello. O governador Wilson Lima usou as redes sociais nesta segunda-feira para dizer que Pazuello deve ser reconhecido, pelo papel positivo que desempenhou contra a pandemia no Estado do Amazonas. Na prática, a declaração do governador é uma admissão de que, se houve erros e omissões que levaram à falta de oxigênio e produziram  centenas de mortes por asfixia, a culpa é dele. O que explica seu esforço por um  salvo-conduto no Supremo Tribunal Federal para não depor na CPI que apura  o caso.

Ao elogiar o governo federal e seus prepostos, como Eduardo Pazuello, Wilson faz indiretamente uma admissão de culpa. Culpa pela falta de leitos durante a segunda onda, culpa pela falta  de oxigênio, culpa por contratos superfaturados, culpa por uma tragédia que poderia ser evitada se seu governo tivesse um mínimo de preparo para o enfrentamento de uma crise sanitária  que não era nova, apenas se repetia com mais virulência, depois da primeira onda, ainda ano passado, quando o governador acreditou na chamada imunidade de rebanho

Wilson precisa também ser investigado pelo que disse o ex-secretário executivo de Saúde, João Paulo ao jornal Folha de São Paulo:  que o governador foi o responsável direto pela falta de oxigênio em Manaus, que participou de um esquema de  corrupção nas contratações de câmeras frigoríficas para armazenar os corpos de vítimas de Covid-19 no Amazonas.

Embora João Paulo tenha voltado atrás na denúncia, ficou a dúvida sobre os motivos do recuo, se houve pressões sobre ele, se sofreu ameaças.

Investigar a fundo este caso é importante para se traçar o real retrato do governador Wilson Lima. que foi eleito com a promessa de resolver todas as broncas do Estado, mas ao assumir o governo colocou o pé, literalmente,  em uma “jaca”.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.