Enfim, a liberdade de Filó e a reveladora incompetência do Ibama
Apesar da leitura da coluna de ontem ter sido nada desprezível para um final de semana prolongado, com muita gente largando o celular e viajando, ninguém notou que falei de ‘anta' e não de capivara, ao abordar a ação do Instituto do Meio Ambiente (IBAMA) em relação ao herbívoro acolhido por um influencer de Manaus. Foi proposital, uma provocação. Mas ou os leitores perceberam o tom da crítica ou perderam a oportunidade de dizer que sou uma “anta”.
O fato é que “Filó” foi retirada, por decisão judicial, da casa de extermínio do Ibama, eufemisticamente chamada de “Centro de Tratamento Animal (CETAS)”, onde não tinha comida e estava suja”, sendo devolvida ao infuencer Agenor.
O caso deve tomar novos rumos, porque a Justiça Federal entendeu que é preciso avaliar as condições em que se encontram os Cetas do Instituto.
Vai sobrar para muita gente que tem o discurso do meio-ambiente na boca, mas na hora de cuidar dos animais silvestres apreendidos após fugirem de seu habitat natural e se abrigarem em fazendas ou residências das médias cidades, recebem um tratamento verdadeiramente animal.
É uma novela sem fim. Outras capivaras, antas, macacos, jacarés, periquitos, papagaios, corujas estão migrando para as cidades em busca de alimentos devido a destruição da floresta, inclusive no entorno de Manaus.
O IBAMA não tem estrutura para cuidar desses animais. Devolvê-los à floresta”depois de tratados” é mais uma desculpa para justificar apreensões violentas e descabidas.
O habitat no qual viviam não existe mais, foi tomado por posseiros que destruíram suas fontes de alimentos. Entre a adoção voluntária por famílias e os CETAS insalubres do IBAMA, as chances de sobreviverem é maior em casas de famílias, onde existe amor e respeito
Não sejamos ‘antas’. Precisamos entender a importância do envolvimento de toda a sociedade na proteção e cuidado dos animais silvestres. Ou serão inexoravelmente extintos.
Cabe ao Congresso Nacional, sempre omisso e sem medir as consequências ou efeitos colaterais das leis que cria, reformular a legislação vigente excessivamente concentradora de decisões nas mãos de um instituto sabidamente incompetente para cuidar de questões ambientais.
OBS: O macaco Júlio não teve a mesma sorte. Continua no Cetas do Ibama. Ah, se Júlio falasse...
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.