Eleição no Amazonas tem bicho-papão, capeta e o homem que não morre
É compreensível que o senador Eduardo Braga seja considerado um bicho papão e restaurados pecados que ele nega ter cometido. Que contra o governador Wilson Lima sejam abertos os cemitérios para ressuscitar vítimas da Covid. Ou que alguns prognostiquem o declínio eleitoral e a morte do ex-governador Amazonino Mendes, líder das pesquisas até aqui.
Uma campanha eleitoral, ou movimento feito à sua margem, com esse viés destrutivo - da honra e da aposta na morte do adversário para conquistar o poder, manter ou restaurar benesses de grupos de interesse, rompe todos os padrões de civilidade e impacta negativamente no eleitor, que cada vez mais vê na politica um problema e se distancia dos políticos.
Não é de todo improvável que os eleitores, cansados de ser enganados e de assistir o linchamento dos próprios políticos pelos grupos que os cercam, resolvam engrossar o número de votos em brancos ou nulos que vem crescendo a cada eleição.
Não por acaso, dos 1,4 milhão de eleitores de Manaus, 70 por cento ainda não escolheram ou optaram de forma consciente e definitiva por um candidato ao governo. É o que se deduz das últimas pesquisas divulgadas até aqui. Mesmo quando citam nomes que eventualmente lembram, não manifestam segurança de que esse nomes serão escolhidos na hora de apertarem o teclado da urna eletrônica.
É um quadro de desalento do eleitorado com os candidatos, mas que pode mudar na medida que o eleitor sinta que há uma semente de esperança a ser germinada, e que eles, os candidatos desejam de forma sincera se reabilitar, conquistar confiança e acenar com contrapartidas.
Mostrar que têm projetos de governo para apresentar e discutir com a sociedade; que o interesse público não se misturará com o privado, enriquecendo uns poucos enquanto a população sofre. E mais: que governo é para ser compartilhados com os cidadãos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.