Compartilhe este texto

É zero a possibilidade de impeachment de Bolsonaro. Entenda as razões...


Por Raimundo de Holanda

08/09/2021 18h58 — em
Bastidores da Política



Passadas 24 horas das manifestações pró Bolsonaro e do ataque do presidente ao Supremo, a palavra “impedimento” voltou a circular nos meios políticos. Mas trocar o capitão, com essa “boa vontade” que ele tem demonstrado de regar o espaço eleitoral de 513 deputados (que  buscarão a reeleição ano que vem) com bilhões em emendas e outras benesses, por um general disposto a dar uma banana para eles,  exige um genuíno patriotismo,  que os parlamentares não têm.

Portanto, a possibilidade de ser instaurado e aprovado um processo de impedimento de Bolsonaro é zero, pelo seu custo para o poder político centralizado na Câmara dos Deputados e no Senado.

Então, qual a saída? Ir além das palavras bonitas que se ouviu nesta quarta-feira, como no pronunciamento feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, para quem “nenhuma nação contrói sua identidade sem dissenso”.

Fux segue apontando caminhos: “a convivência entre visões diferentes sobre o  mesmo mundo é pressuposto da democracia, que não sobrevive sem debates sobre o desempenho de seus governos e de suas instituições.“

O discurso é bonito, mas na prática ninguém está buscando compreender isso. A diversidade de idéias que permeia o sistema democrático. Há o discurso, mas a disposição para a guerra é maior do que a busca do consenso. Guerra. ainda que não envolva canhões,  produz pobreza e destruição. É o que estamos vendo acontecer agora, com o descontrole da economia, gerando miséria, fome e violência crescente  nas grandes e médias cidades. 

A aposta no quanto pior melhor vem dos dois lados. E o caminho pelo qual estão levando o Pais é perigoso.

Primeiro, porque Bolsonaro já demonstrou que não tem limites. Aliás, já ultrapassou todos os limites, empurrado em algum momento por essas forças que se apropriaram da defesa da democracia.

Segundo, porque embora não disponha de instrumentos para fazer uso de um “meio golpe”, pode achar que tem.

E um dos caminhos é alegar que, em defesa da pátria”, pode decretar a execução de  Garantias da Lei e da Ordem ( GLO), prevista para casos excepcionais pela Lei Complementar 97, de 9 de junho de 1999. O que significa isso?  Conceder ao Exército poder de polícia.

Poder, Bolsonaro não pode, mas quem o conhece sabe até onde está disposto a ir. Se a sociedade aceitará tamanha invasão dos Poderes, é outra questão.

O bom mesmo agora é buscar desconstruir  o dissenso, não com palavras, mas com atos. E o Congresso tem papel relevante nessa tarefa.

Siga-nos no


Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.