'Bolsonaro Bichíssima' no sambódromo é forma errada de protesto
A decisão de colocar um “Bolsonaro Gay” na ala dos “Governantes Generais” no desfile que a Escola de Samba Gaviões da Fiel fará no próximo sábado em São Paulo (Transmissão pela TV Globo), está mexendo com os brasileiros e acirrando a suja batalha mantida nas redes sociais por Bolsonaristas e Lulopetistas. E merece uma reflexão de um País que luta para eliminar preconceitos e fazer valer de fato um sistema de direitos que, no papel, contempla as minorias sexuais, mas que na prática é como se não existisse.
Se a ideia da 'Gaviões da Fiel', que leva para o sambódromo uma pauta importante - antirracista e antifascista - é expor o presidente, então não estará fazendo outra coisa senão incentivando a homofobia.
Se o cabeleireiro Neandro Ferreira, escolhido para interpretar 'Bolsonaro Gay', vem a público e afirma de viva voz: “Vou vir com um Bolsonaro bem gay, bichíssima, dando muita pinta”, então a escola não estará fazendo outra coisa a não ser estigmatizar ainda mais os homossexuais. Há outras formas de protesto contra um presidente preconceituoso e declaradamente homofóbico.
Não se combate a intolerância com mais intolerância. Ninguém entende esse discurso de política afirmativa na qual uma escola busca trejeitos, imitações ridículas e baratas atribuídas aos gays para criticar um presidente ou qualquer pessoa.
A ideia é infeliz. Revela que não superamos os preconceitos contra os quais gays e lésbicas vêm lutando.
É fato que Bolsonaro é o maior inimigo dessas minorias, mas a forma como a 'Gaviões da Fiel' pretende apresentá-lo no Sambódromo fortalece o preconceito, leva à ridicularização dos gays e joga por terra todo o discurso de adequação de uma sociedade a costumes, opções de vida e direitos de brasileiros que querem ser tratados como iguais.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.