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A boa vida dos vereadores de Manaus


Por Raimundo de Holanda

05/06/2024 21h18 — em
Bastidores da Política


  • O exercício da atividade parlamentar não pode se sustentar na boa fé do contribuinte, que vê o dinheiro dos impostos escorrer pelo ralo.
  • Se é a grana que continua atraindo muitos candidatos a vereador, chegou a hora de repensar o papel do Legislativo, medindo o tamanho da fissura que esse tipo de comportamento vem provocando na relação da classe política com os cidadãos.

Cerca de 800 candidatos deverão se habilitar junto à Justiça Eleitoral para disputar  uma das 41 vagas de vereador em Manaus. Não é um numero pequeno para uma cidade de 2,2 milhões de habitantes, sub-representada na Câmara e desiludida com a classe política. 

A Câmara Municipal, que deveria representar os anseios dos eleitores, consome parte substancial dos recursos do município ( cerca de R$ 250 milhões/ano), cujo fim é temerário. Ano passado a despesa dos  vereadores com combustível somou R$ 3 milhões. 

É exagero dizer que o volume de dinheiro empregado na compra de gasolina e diesel daria para dar uma volta à lua. Mas é claramente um excesso que precisa ser contido. 

O exercício da atividade parlamentar não pode se sustentar na boa fé do  contribuinte, que vê o dinheiro dos impostos escorrer pelo ralo. 

O que se discute é a capacidade (que os atuais vereadores não têm) de zelar pela coisa pública, a começar fazendo uma autocrítica sobre os recursos que consomem.  Fora o cotão e o salário os atuais vereadores colocam no bolso R$ 51,9 mil mensais, mais R$ 98 mil destinados a contratação de funcionários de gabinete.

Se é a grana que continua atraindo muitos candidatos a vereador, chegou a hora  de repensar o papel do Legislativo, medindo o tamanho da fissura que esse tipo de comportamento vem provocando na relação da classe política com os cidadãos.

A eleição deste ano é uma boa oportunidade para a promoção de uma mudança radical, não apenas na forma como o dinheiro público vem sendo desperdiçado, mas também  o instrumento pelo qual  o eleitor pode e deve  mandar para casa aqueles que não desempenharam até aqui, por incúria, preguiça, desleixo e falta de compromisso  a cidade, o papel para o qual foram habilitados  a desempenhar. 

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ASSUNTOS: Câmara de Vereadores, cota parlamentar, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.