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Amazônia, um passo a mais para a sua destruição foi dado


Por Raimundo de Holanda

05/05/2021 20h07 — em
Bastidores da Política



A histórica apreensão de madeiras pela Polícia Federal em operação contra o desmatamento na divisa do Amazonas com o Pará, no mês de dezembro, findou na data desta quarta-feira, com a decisão da juíza Mara Andrade, que determinou a restituição do material apreendido. Ela desconsiderou imagens de satélite que comprovariam o delito e balizou sua decisão no fato de  que “as investigações estão em fase incipiente". Respeita-se e cumpre-se decisões judiciais, mas algumas têm consequências nefastas para o futuro da região e do País. E dão a impressão, ruim, de que o Judiciário tem lado, ou não tem cuidado.

Cabe a arguição do Ministério Público, que se não tem elementos de convicção para deflagrar o processo penal, nada o impede de se opor  a decisão da magistrada. A não ser que tenha lado…

O fato é que a decisão da juíza federal reforça a política de devastação da Amazônia, implementada pelo governo Bolsonaro e inibe a repressão a esse tipo de crime.

Aliás, uma decisão comemorada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, aquele rapaz sem limites que posou para fotos entre toras de madeiras, ainda sangrando, para estimular um crime ambiental que vem sendo cometido não apenas contra a floresta Amazônica,  mas contra a humanidade.

Em post na internet, o ministro tentou mostrar que os autores da ação inibida pela PF tinham recorrido e isso desqualificaria o delegado federal que dissera que ninguém havia reclamado os bens apreendidos.

Mas não é esse o cerne dessa história. Criminosos sempre recorrem de flagrantes todos os dias.

Interessa que a Polícia Federal agiu corretamente, que a decisão judicial saiu fora da curva, em um momento em que o mundo olha para a região com preocupação, pela sua biodiversidade ameaçada e pelo fato de a Amazônia influir na regulação do clima no Planeta.

Os madeireiros, os grileiros, os que lucram com a destruição da floresta ganharam mais um round. Estão próximos se vencer essa guerra. Ao que parece, vão vencer e isso vai custar não apenas vidas silvestres, mas da população  humana na Terra.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.