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Em batalha no Tribunal, defesa do delegado Sotero cria fato novo e mexe com a opinião pública


Por Raimundo de Holanda

29/10/2019 22h47 — em
Bastidores da Política



Com a estratégia (de provocar o adiamento do julgamento) a defesa  do delegado Sotero ganha primeiro round, cria  um novo palco e talvez esteja escrevendo uma nova história. A "história" que submete a verdade a um detalhe...

O advogado Caio Fortes  roubou a cena, nesta terça-feira, ao provocar o adiamento do julgamento do delegado Gustavo Sotero. E semeou a “dúvida”de que a “falha” da Justiça Estadual ao alterar por mero descuido a lista de jurados na verdade beneficiava a acusação.  A  estratégia, bem sucedida, teve o claro  objetivo de mexer com a opinião  pública, amplamente favorável a condenação do acusado.

Advogados da família da vítima e Ministério Público quedaram-se ao argumento de que a lista de jurados publicada em 22 de novembro de 2018 fora de alguma forma “mexida”, com novos nomes, o que contrariava dispositivo legal.  Não foi ainda o xeque mate de um jogo de palavras - mas foi uma demonstração de força que pode, durante o julgamento, minimizar  o poder de fogo da acusação.

E mexe também com os novos jurados - sejam eles quais forem.

Caio Fortes  debruçou-se em detalhes para produzir um fato novo e inédito na história do júri popular no Estado. E o fez porque sabia que seu cliente  carrega uma culpa - estava na cena do crime, com pólvora e sangue nas mãos. Ele sabia que num primeiro momento  todo o esforço para explicar que as imagens captadas pelas câmeras da boate  Porão do Alemão, onde o crime ocorreu, mostram uma coisa, mas falam outra coisa talvez não colasse.

Com a estratégia, a defesa  ganha tempo, cria  um novo palco e talvez esteja escrevendo uma nova história. A história que submete a verdade a um detalhe

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ASSUNTOS: advogado Caio Fortes, Boate Porão do Alemão, delegado Gustavo Sotero, tribunal do júri

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.