Bienal do Livro tem lotação e euforia com Itamar Vieira Junior e Conceição Evaristo
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O feriado de Corpus Christi foi de corredores lotados nesta quinta-feira de Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Com a presença de autores nacionais para lá de celebrados, como Conceição Evaristo, Raphael Montes e Itamar Vieira Junior, a feira literária teve filas e debates com lotação máxima.
A organização da Bienal só vai divulgar números sobre público no domingo (22), último dia de evento. Mas a percepção de quem tem trabalhado no local, como vendedores, produtores de eventos e distribuidores de água, é que a quinta deve terminar como o dia mais cheio.
O público era mais adulto. Os passeios escolares quase não aconteceram, por ser feriado é parte da maior relevância, já que a Bienal calcula que 130 mil estudantes da rede pública devem visitar esta edição.
Passar pelos corredores dos quatro pavilhões foi um desafio para alguns presentes. "A bengala normalmente ajuda a abrir espaço, mas aqui estou perdendo", brinca a empresária Maria de Lourdes Medeiros, 64, que passou o dia com a família na Bienal. "As pessoas passam distraídas, olhando para cima. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo."
Longas filas foram formadas para entrar nas editoras mais badaladas, como a Rocco e HarperCollins. Também teve fila para ser fotografado nas cabines instagramáveis das editoras e empresas como TikTok.
Até a lateral do pavilhão 4, normalmente mais vazia lá ficam estantes do Exército, do Senado e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, teve seu momento de ocupação com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, que lançou livro no estande do Sindicato Nacional dos Editores de Livros.
Às 14h, a mesa com a escritora Conceição Evaristo ficou abarrotada. Dentro do Café Literário Pólen, havia cadeiras e arquibancadas totalmente ocupadas, com gente em pé. Fora, pessoas se apertavam para vê-la através do espelho e tentavam acompanhar qualquer filete de som vindo dos televisores.
Na mesa com a escritora sul-africana Zukiswa Wanner e a cubana Teresa Cárdenas, com mediação da jornalista Yasmin Santos, a conversa enveredou para os caminhos de resistência dos povos africanos diaspóricos na língua e na escrita dos países onde aportaram.
"Os povos africanos da diáspora conseguiram modificar um dos maiores bens simbólicos de uma nação, que é a língua. Isso põe a literatura em contato direto com a oralidade, e a minha literatura tem origem na oralidade", disse Evaristo.
Num palco em outro pavilhão, no mesmo horário, o autor Itamar Vieira Junior foi outro a causar frisson no público, que acompanhou uma conversa que esmiuçou a história do sucesso "Torto Arado".
Raphael Montes, outro fenômeno de vendas, foi saudado com gritos e aplausos em outro debate. Seus fãs ocuparam os corredores ao redor do espaço TikTok, onde ocorreu a conversa sobre o que levou o autor a gostar de literatura policial. No caso dele, segundo disse, foi a novela.
"Conheci literatura policial por 'A Próxima Vítima', e não pela Agatha Christie", contou, em papo com o ator Mateus Solano. "Era um jovem suburbano que não ia no cinema, no teatro e não tinha livros em casa. A primeira coisa que consumi na vida foi novela".

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