Licença para explorar Foz do Amazonas só deve sair após março, diz Ibama

A licença ambiental para a Petrobras explorar petróleo na Foz do Amazonas só poderá ser emitida após março, afirmou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Ele destacou que a estatal precisa concluir a construção do Centro de Reabilitação e Despetrolização da Fauna (CRD) em Oiapoque (AP).
"Não há um prazo definido, a equipe técnica ainda está analisando. Mas não temos como emitir a licença sem uma estrutura montada. O que não quer dizer que a licença saia logo depois. Nem eu sei se será aprovada ou não. Isso é de responsabilidade da equipe técnica", declarou Agostinho à Valor Econômico.
A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, afirmou que a construção da unidade será concluída ainda neste trimestre e espera que a licença seja concedida após essa entrega. "A partir daí, acho que não vai ter mais motivo [para negativas do órgão ambiental]", disse Anjos.
A exploração de petróleo na Foz do Amazonas é considerada estratégica pela Petrobras para ampliar suas reservas e evitar a importação de petróleo nas próximas décadas. O plano conta com o apoio do governo, que vê a margem equatorial como uma oportunidade para reforçar a segurança energética do país.
Ambientalistas, por outro lado, têm criticado a iniciativa, ressaltando que a região é ambientalmente sensível e pouco estudada. Eles alertam para o risco de vazamentos de petróleo, com resposta demorada devido ao isolamento geográfico e às fortes correntezas locais. Além disso, argumentam que a exploração vai na contramão do combate às mudanças climáticas.
O Palácio do Planalto enfrenta um dilema: acelerar a autorização para a exploração antes da COP30, que ocorrerá em Belém em novembro, sem prejudicar a imagem do país como liderança na transição energética.

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