Compartilhe este texto

Jovens indígenas do Rio Negro preparam carta para Conferência da ONU no Pará

Por Portal Do Holanda

06/11/2024 14h37 — em
Amazonas



 

Adolescentes e jovens indígenas, reunidos em São Gabriel da Cachoeira para a V Assembleia Geral Eletiva do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (Dajirn), discutiram os impactos da crise climática e do racismo ambiental em uma das regiões mais preservadas do Brasil: o Alto Rio Negro, no noroeste do Estado do Amazonas.

Cerca de 100 jovens representantes das coordenadorias das associações do Alto Rio Negro e Xié (Caibarnx), do Médio e Baixo Rio Negro (Caimbrn), do Distrito de Iauaretê (Coidi), do Baixo Tiquié, Uaupés e afluentes (Diawi'i), Baniwa e Koripako (Nadzoeri) e da sede de São Gabriel da Cachoeira participaram da assembleia, realizada de 23 a 26 de outubro, promovida pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn).

O evento é parte de um esforço liderado pelos jovens da região, em parceria com movimentos socioambientais, para construir a Carta de Direitos Climáticos da Juventude Indígena do Rio Negro. Essa carta pretende destacar as prioridades dos territórios a partir da visão da juventude indígena a ser apresentada  30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começa no próximo dia 10 e vai até o dia 21 em Belém (PA).

Representantes de 24 etnias das cinco coordenadorias regionais da Foirn relataram problemas como o aumento do calor, que dificulta o trabalho nas roças, a insegurança alimentar devido a secas e enchentes, e a falta de saneamento básico e de água tratada.

Apesar de estarem entre os que menos prejudicam as emissões de gases de efeito estufa, os povos indígenas são os mais impactados pela crise climática, expondo o racismo ambiental e as injustiças que enfrentam. Os jovens definiram temas prioritários como gestão de resíduos, segurança alimentar, saúde, proteção das comunidades e cultura, e políticas ambientais no âmbito estadual e municipal.

Osvaldo Cardoso da Silva, do povo Baniwa, destacou que a tecnologia protege os mais ricos, enquanto comunidades indígenas, ribeirinhas e marginalizadas sofrem as consequências das mudanças climáticas. Fenômenos como secas prolongadas e chuvas intensas que afetam a agricultura e a segurança alimentar, destacou.

Ao imaginar um futuro ideal para suas comunidades, os participantes destacaram o desejo de ter acesso a água potável, saúde de qualidade, fontes de energia renováveis, coleta e destinação adequada de resíduos, saneamento básico, e alternativas de geração de renda que respeitem seus modos de vida e meio ambiente, relataram as representantes da Caimbrn, Mariete e Francicleia, do povo Baré.

Após a discussão, o Dajirn inicia agora a redação da Carta de Direitos Climáticos, que será revisada junto às comunidades antes de sua aprovação.

Jucimery Teixeira Garcia, do povo Tariano, foi eleita coordenadora do Dajirn para os próximos quatro anos, e emocionada, agradeceu o apoio recebido, afirmando que a participação dos jovens é fundamental. Em seu discurso, Jucimery reforçou que o trabalho deve beneficiar as gerações futuras: “É também pelas crianças, pelos nossos irmãos e até pelos nossos futuros filhos”, finalizou.

 


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Amazonas

+ Amazonas