Falta de sinalização e dragagem afeta navegação no Madeira
Navegação na principal rota de escoamento de cargas enfrenta problemas
A ausência de sinalização e dragagem tem afetado a navegação de embarcações no rio Madeira, que banha os estados do Amazonas e Rondônia. O rio é uma das principais rotas fluviais de balsas e navios, que transportam cargas e passageiros, além de escoar produção agrícola na região. O Sindicado das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma) alerta que são necessários investimentos para garantir segurança e navegabilidade no rio Madeira.
De acordo com o presidente do Sindarma, Claudomiro Carvalho Filho, o Madeira é o rio principal para o transporte de cargas dos estados do Amazonas, Rondônia, Acre e parte do Mato Grosso. Pelo Madeira é transportada parte da produção de grãos como, exemplo, a soja cultivada no Centro-Oeste do Brasil.
Diariamente navegam pelo Madeira balsas de carga e embarcações mistas (passageiros e cargas), transportando fertilizantes, milho, cimento, combustíveis, alimentos perecíveis e não perecíveis, contêineres, automóveis e cargas gerais. O transporte de cargas ocorre tanto no sentido jusante, quando as embarcações descem o rio, quanto no sentido contrário.
“O Madeira é o rio por onde todo o combustível que abastece a região é transportado. Um volume expressivo de grãos produzidos nessa região no entorno de Porto Velho, no Mato Grosso e Acre desce nas embarcações pelo Madeira para exportação, sendo que uma parte sai por Itacoatiara (AM) e outra sai por Santarém (PA)”, explicou o representante do setor.
Outro fator relevante na navegação do` Madeira envolve o transporte de cargas alimentícias, que abastecem Manaus. A produção do Amazonas também é escoada pelo Madeira.
A área compreendida como hidrovia do Madeira pelo governo federal abrange o trecho de Porto Velho (RO) até a sua foz, na confluência com rio Amazonas e o rio Aripuanã - afluente da margem direita. São 1.056 km do rio Madeira e mais 212 km do rio Aripuanã, considerados navegáveis pela Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental (AHIMOC). Porém, na prática a situação de navegabilidade é diferente da mensurada pelo governo federal.
Madeira não tem recebido investimentos
Mesmo considerada rota principal, o rio Madeira não tem sido foco dos investimentos da navegação, que são de competência do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
“A Marinha nos últimos três anos agregou em sua frota navios para fazer cartografia dos rios, que são os estudos para guiar a navegação. O Madeira foi o primeiro a contar com o levantamento. A Marinha tem feito o seu papel, mas faltam os outros órgãos – Ministério dos Transportes e Dnit – realizarem a parte de sinalização e dragagens no período do verão, quando o rio está o com nível baixo das águas. Esses dois aspectos são cruciais para navegar de forma segura”, ressaltou Carvalho.
“O processo se dará pela mobilização de pelo menos dois parques de dragagem distribuídos pelos pontos de restrição indicados no projeto, os quais realizarão a retirada dos sedimentos acumulados no fundo do rio, eliminando a restrição à passagem das embarcações. A melhoria será o restabelecimento do calado operacional mínimo da hidrovia, permitindo que os comboios possam navegar pelos pontos de restrição com menor impacto possível sobre o seu carregamento”, informou o Ministério dos Transportes em nota enviada ao Sindarma.
Viagem dura 130 horas
De Porto Velho até Itacoatiara (descendo o rio) leva 70 horas navegando pelo Madeira. No sentido oposto, contra a correnteza, são necessárias 130 horas, conforme dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Durante o período das cheias, as embarcações, em média, passam oito dias navegando para cumprir o trajeto de Manaus a Porto Velho, que inclui o trecho do Madeira. Já no período da vazante são necessários até 15 dias para navegar a mesma distância. O tempo de navegação é maior pela impossibilidade dos navios seguirem viagem à noite e na madrugada. A restrição eleva em 30% o custo do transporte de cargas e de passageiros na vazante, que ocorre entre os meses de julho e outubro.
“São até 15 dias de viagem em função de não ser possível navegar à noite por falta de sinalização e dragagem dos trechos onde há assoreamento. O Madeira é um rio de muito sedimento, que vai criando praias e bancos de areia. Nesse período do verão amazônico se navega somente de dia para se fazer uma navegação segura diante da falta da sinalização e dragagem”, revelou o presidente do Sindarma.
Custo de melhorias é de R$ 40 milhões
O Ministério da Defesa anunciou apoio à implementação da hidrovia do rio Madeira, no último dia 1º. Durante visita à Manaus, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, divulgou que mobilizará órgãos federais para a realização de melhorias da hidrovia do rio Madeira. Segundo o Ministério da Defesa, as intervenções em apenas 40 km de extensão estão orçadas em R$ 40 milhões.
O Ministério da Defesa divulgou que articulará com outros ministérios apoio para a realização das quatro fases necessárias para a implementação da hidrovia: levantamento hidrográfico, produção de carta náutica, sinalização e dragagem dos pontos críticos do leito do rio.
Serviço de dragagem deve ser feito em 2015
De acordo com o Ministério dos Transportes, a intervenção prevista na Hidrovia do Madeira para 2015 é o serviço de dragagem, que estaria com orçamento em análise no Dnit. O Ministério disse que a publicação do edital está prevista para ocorrer no mês de maio deste ano, com início dos trabalhos previstos para o mês de julho de 2015. A estimativa é que os trabalhos estejam concluídos até o mês de outubro deste ano.
“O processo se dará pela mobilização de pelo menos dois parques de dragagem distribuídos pelos pontos de restrição indicados no projeto, os quais realizarão a retirada dos sedimentos acumulados no fundo do rio, eliminando a restrição à passagem das embarcações. A melhoria será o restabelecimento do calado operacional mínimo da hidrovia, permitindo que os comboios possam navegar pelos pontos de restrição com menor impacto possível sobre o seu carregamento”, informou o Ministério dos Transportes em nota enviada ao Sindarma.
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