Estudo indica crescimento de 200% na pecuária nos últimos 36 anos na Amazônia
Manaus/Am - A área ocupada por pasto na Amazônia cresceu 200% entre 1985 e 2020, representando a ocupação de 56,6 milhões de hectares do bioma. Os dados foram divulgados ontem, 14, denominado de levantamento “Brasil Revelado – 1985-2020”, realizado pelo MapBiomas.
O Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) envolve uma rede de especialistas em biomas, usos da terra, sensoriamento remoto, SIG e ciência da computação que utiliza processamento em nuvem e classificadores automatizados para gerar uma série histórica de mapas anuais de uso e cobertura da terra do Brasil.
O levantamento, mostra que a área destinada à pecuária é ainda maior se considerados os campos naturais, formações presentes no Pampa e no Pantanal onde ocupam 46,6 milhões de hectares, assim como áreas de mosaico de agricultura e pastagem, que abrangem 45 milhões de hectares.
Atualmente, as pastagens ocupam 154 milhões de hectares em todo o país, uma área equivalente a quase o tamanho de todo Estado do Amazonas.
O Mapbiomas identificou que pelo menos 252 milhões de hectares, ou quase 1/3 do país, é ou já foi ocupado por pasto nesse período analisado, de 1985 a 2020.
De acordo com o levantamento, a Amazônia é o bioma com maior extensão de pastagens cultivadas (56,6 milhões de ha), seguido pelo Cerrado (47 milhões de ha), Mata Atlântica (28,5 milhões de ha), Caatinga (20 milhões de ha) e Pantanal (2,4 milhões de ha).
O que é considerada uma boa notícia é que a qualidade das pastagens aumentou no período analisado, pois enquanto no ano de 2000, 70% das áreas de pasto apresentavam sinais de degradação, em 2020 esse índice caiu para 53%.
No caso das pastagens severamente degradadas houve uma redução ainda mais expressiva: representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de hectares) e agora representam 14% (22,1 milhões de hectares).
CIENTISTA
Mas em artigo publicado no ano de 2020, o cientista Phillipe Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia ((Inpa) contesta a tese de que a ampliação da pecuária na região resulte em reduções nas taxas de desmatamento.
Ele propõe que medidas efetivas para desencorajar o desmatamento sejam criadas motivando os fazendeiros a investir na preservação, inclusive criando fatores que conectem esse fato à produção de carne de boi. Para ele, a especulação e a segurança de posse da terra podem anular os efeitos esperados e subsidiar a intensificação das pastagens.
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