Amazonas é condenado após paciente passar 10 anos com gaze esquecida no corpo

Manaus/AM - A Justiça do Amazonas condenou o Estado a pagar R$ 10 mil por danos morais a uma mulher que teve uma gaze cirúrgica esquecida no abdômen durante uma cirurgia realizada em hospital público. A decisão é da 3ª Vara da Fazenda Pública de Manaus e foi assinada pela juíza Etelvina Lobo Braga neste mês de junho. O procedimento que causou o problema foi uma apendicectomia realizada em 2011 no Hospital Platão Araújo.
Segundo o processo, a paciente apresentou fortes dores, febre e inchaço após a cirurgia, sintomas que duraram quase dez anos. Somente em 2020, exames detalhados identificaram um corpo estranho encapsulado no abdômen. A remoção do objeto — uma gaze hospitalar — ocorreu em 2021, no Hospital Universitário de Vitória, no Espírito Santo.
Laudo pericial confirmou que a paciente sofreu durante todo esse tempo com a presença do material têxtil. Embora não fosse possível comprovar com absoluta certeza que a gaze foi deixada na cirurgia de 2011, a perícia apontou que não houve outras intervenções cirúrgicas no período. Para a magistrada, houve imperícia médica e ficou caracterizada a responsabilidade objetiva do Estado, conforme prevê a Constituição Federal.
Além da indenização por danos morais, a sentença também determinou o pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação. O caso expôs falhas graves no atendimento público de saúde e reforçou a importância da escuta e do cuidado contínuo com pacientes, especialmente diante de queixas persistentes e não resolvidas.
Fonte: Amazonas Direito

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