‘Circo para Todos’: projeto leva espetáculo para interior do Amazonas
Manaus/AM - Você já parou para pensar nas consequências de reprimir as emoções durante o processo de luto? Com uma abordagem sensível, a partir desta quarta (15), o espetáculo “Memória de Ser” – idealizado pela artista circense venezuelana Teffy Rojas – circula de forma gratuita por três cidades do interior do Amazonas, prometendo uma reflexão sobre esse momento tão desafiador.
O projeto faz parte do “Circuito Circo para Todos” e contempla São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Presidente Figueiredo. A comunidade Baniwa Yamado, localizada nas proximidades de São Gabriel da Cachoeira, recebe a performance no dia 15, enquanto o município em si deve apreciar o espetáculo no dia 21. Já Santa Isabel do Rio Negro, especificamente a comunidade do Cartucho, será palco de “Memória de Ser” no dia 18 de outubro e Presidente Figueiredo no dia 01º de novembro.
De acordo com Teffy, a obra – contemplada pelo Edital de Chamamento Público n° 03/2024 - Fomento à execução de ações culturais de Circo, executado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e do Conselho Estadual de Cultura (Conec), com recursos do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura – surgiu a partir de sua própria experiência com a morte de um ente querido.
“Acredito que muitos devem sentir toda a carga emocional da performance. É uma obra que fala sobre as consequências emocionais de reprimir os sentimentos em momentos desafiadores da vida e de como cada indivíduo tem a capacidade de superar situações que colocam em jogo o equilíbrio psicoemocional”, detalha.
Segundo a artista – que mora há quase dez anos em Manaus e é fundadora do coletivo “Laboratório Rojo” –, o espetáculo “Memória de ser” foi criado em 2023, à época com direção e provocação técnica de Marcelo Rodini (conhecido como “Mamute Malabarista”).
Para a nova circulação, a malabarista conta com a provocação corporal de Viviani Paldini – mestra pelo Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) –, além de uma equipe técnica integrada por Igor Falcão na produção geral, Cesar Nogueira na captação e documentação de imagens, Alonso Junior nos registros fotográficos e Miguel Guevara como monitor assistente.
Atenta à acessibilidade, Teffy também faz questão de contar com a assessoria da fundadora do Coletiva de Palhaças, a arte-educadora com forte atuação na acessibilidade cultural Ananda Guimarães, que possui baixa visão. “Nosso propósito é fazer com que o espetáculo seja um convite poético acessível para todos, assim como procuramos uma sensibilização da equipe ao momento de entrar nos espaços de assistência a Pessoas com Deficiência”, assevera.
Contrapartidas
A circulação do espetáculo “Memória de Ser” terá como resultado um documentário sobre a aventura de ir com o trabalho às comunidades afastadas do Amazonas, a exemplo do que fez a atriz Selma Bustamante em 2016, junto com Cesar Nogueira, com o espetáculo “Se essa Rua fosse minha”. “Circular por essas comunidades é uma homenagem a Selma, que foi uma das pessoas que me acolheu de forma sincera e amorosa. Também incluímos Presidente Figueiredo em homenagem à querida Julieta Hernandes, assassinada em dezembro de 2023 na cidade, justamente para mantermos viva a memória dessa artista de rua que levava música e riso para todos”, detalha Teffy.
Além do documentário, o projeto “Circuito Circo para Todos” conta com uma oficina voltada a espaços e instituições de assistência a Pessoas com Deficiência (PCD). Intitulada “Laboratório Rojo para Pessoas com Deficiências”, a atividade acontece no Instituto Lar Margarida, em São Gabriel da Cachoeira, no dia 20 de outubro, e em três locais de Manaus: Instituto PCD Juntos somos mais fortes (dia 30), APAE (dia 31) e Escola Estadual Augusto Carneiro (dia 06 de novembro).
Teffy explica que a oficina envolve uma metodologia lúdica com uma série de exercícios de coordenação motora e reconhecimento de consciência corporal. “Os participantes vão experimentar momentos de lazer e aprendizado.
Contaremos com exercícios baseados em práticas de circo social latino-americano e na metodologia de Craig Quat, ‘Functional Juggling’, em que o trabalho em equipe, o desarrolho da percepção do espaço e tempo e o trabalho simultâneo da psicomotricidade serão objetivos primordiais. Será um circuito lúdico que permitirá aos participantes enfocarem em tarefas combinadas divertidas e, em paralelo, exercitarem o cérebro e aumentarem as possibilidades de melhoria das habilidades psicomotoras. Tudo isso por meio de uma linguagem sensível, de grande impacto social, como é a linguagem do circo, arte milenar que movimenta a sensibilidade da plateia desde épocas antigas da humanidade”, finaliza.
ASSUNTOS: Agenda Cultural