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O voto de Vanessa em Dilma


Por Raimundo de Holanda

22/04/2016 23h35 — em
Bastidores da Política



Única representante do Amazonas a atuar diretamente no processo de impeachment da presidente Dilma, no Senado, a senadora Vanessa Grazziotin é também um dos cinco votos declarados pró-Dilma na comissão. Seguindo a linha do seu partido, o PCdoB, Vanessa tem sido desde o início do governo do PT, ao lado da paranaense Gleisi Hoffmann, uma das mais fiéis escudeiras de Lula e Dilma, em qualquer situação. Gleisi, investigada na Lava Jato, também foi escalada para a defesa da presidente na comissão do impeachment.

 BRAGA EM CIMA DO MURO

Ao reassumir o Senado nesta sexta-feira o senador Eduardo Braga (PMDB), sondou assessores sobre a possibilidade de entrar com pedido de licença para tratamento de saúde por 30 dias, período no qual não pode, pelo regimento da Casa, ser substituído pela suplente, Sandra Braga. Caso a medida seja adotada, Eduardo manterá o manto da imunidade parlamentar, mas deixará o Amazonas desfalcado e o Senado com menos um senador em um momento particularmente delicado para os congressistas, que discutem se aprovam a autorização da Câmara dos Deputados para o início do processo de impeachment contra a presidente Dilma.

Na prática, seria muito cômodo para  Braga  a licença médica:   ao se afastar (juntamente com sua mulher e suplente) da discussão de procedimentos sobre os quais será, inevitavelmente, levado a assumir posições,  o senador teria optado por ficar em cima do muro. Assim, longe do plenário, licenciado para tratar da saúde, não se indisporia com a presidente Dilma, mas abandonaria o Amazonas e o País, que esperam mais do que o senador de fato pode oferecer. 

JORNAL”VIAJOU”

Ontem o Jornal O Estado de São Paulo, citando o   vice-presidente do PMDB, Eliseu Padilha, levantou a tese de que a volta de Eduardo Braga ao Senado  reforçaria os esforços do Partido para chegar ao impeachment da presidente Dilma e de que ele, Braga, poderia retornar, num eventual governo Temer, ao Ministério das Minas e Energia. O jornal “viajou”. Primeiro porque Braga não tem capital politico para negociar cargos, nem articulação ou liderança no Senado para reforçar as ações pro-impeachment. Está tão isolado  que pode se afastar do Senado (ler tópico anterior), alegando problemas de saúde.

 O SEGUNDO TEMPO DO JOGO COMEÇOU

O Senado fechou ontem o prazo para a formação da comissão que irá analisar o processo de autorização de impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados. Os 21 membros e seus suplentes estão oficialmente escalados, mas antes de entrarem em campo na próxima segunda-feira para a formalização, a instalação e a eleição do presidente e do relator, o placar do jogo já está em 14 a 5 pró-impeachment, com apenas dois indecisos. O centroavante Romário é um dos que já declarou seu gol para a oposição. O segundo tempo do jogo abre ‘janelas’ para novas acusações contra a presidente Dilma, mas é uma possibilidade ainda em avaliação já que neste momento os senadores não precisarão fundamentar o voto: é só dizer sim ou não.

OPOSIÇÃO FORTALECIDA

Com a situação no Senado se agravando cada vez mais e a oposição fechando a semana ainda mais fortalecida com a declaração de voto pelo impeachment de dois vice-líderes do governo, a presidente Dilma arrefeceu em definitivo, na Assembleia Geral da ONU, o ímpeto de denuncismo de golpe com que saiu do Brasil. Os ‘golpes’ desferidos pela imprensa na situação caótica do país e nos escândalos do seu governo, e o medo de causa ainda mais insatisfação nos ministros do STF, fizeram a presidente discursar ‘dentro do protocolo’.  

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ASSUNTOS: #impeachment, impeachment

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.