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Número 2 do chavismo diz que ‘não haverá diálogo, nem referendo’

Por Agência O Globo

27/07/2016 3h52 — em
Mundo



CARACAS — Ex-presidente da Assembleia Nacional e número 2 do regime chavista, Diosdado Cabello voltou a afirmar, ontem, que a oposição venezuelana não conseguirá realizar o referendo revocatório contra o presidente Nicolás Maduro. Durante um comício no estado de Trujillo, Cabello acusou a Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal coalizão de oposição no país, de conspirar contra o governo, e convocou os presentes a “seguir os conselhos de (o falecido presidente) Hugo Chávez e defender a revolução”.

— Não aceitaremos chantagens da direita nem de seus aliados internacionais. Não haverá diálogo, porque não haverá referendo em 2016. E tomaremos as medidas para que tampouco haja referendo em 2017 — afirmou Cabello. — E se alguns cometerem a loucura de pegar em armas contra a república, tenham a certeza de que não deixaremos, e pegaremos em armas também.

As palavras de Cabello foram uma resposta à afirmação do secretário-geral da MUD, Jesús Torrealba, que destacou que a coalizão considera primordial o diálogo com Maduro e a adoção de “todas as medidas necessárias” para garantir a realização de novas eleições, evitando que o referendo seja adiado até 2017. Se isso ocorrer, o presidente será substituído por seu vice, Aristóbulo Istúriz, caso saia derrotado. Torrealba aguardava a confirmação, por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de 197 mil das quase 400 mil firmas recolhidas para levar o processo até a próxima fase, na qual a oposição deverá obter assinaturas de 20% do eleitorado, o equivalente a quatro milhões de cidadãos.

— O tom de nossa resposta dependerá da resposta do CNE — afirmou Torrealba. — O país aguarda esse anúncio para abrir definitivamente as portas para a realização do referendo. Trata-se de dar uma resposta clara à crise que vivemos.

TROCAS DE ACUSAÇÕES PERMANECEM

Apesar da pressão realizada pela oposição, a Comissão de Participação Política e Financiamento do CNE decidiu estender o prazo e deixar a análise e validação das assinaturas para a manhã de hoje. O representante da MUD, Juan Carlos Caldera, criticou o adiamento da decisão por parte do Conselho.

— Este relatório está pronto há uma semana. O tempo da revolução não acompanha o tempo da fome popular — bradou Caldera, que, apesar do descontentamento, mostrou-se otimista com relação à evolução do processo e à realização do referendo ainda este ano.

Pelo Twitter, a coalizão convocou partidários a sair às ruas na manhã de hoje para exercer pressão sobre o CNE.

Enquanto a MUD pressionava o CNE em busca da validação das assinaturas recolhidas, o prefeito do município de Libertador, Jorge Rodríguez, e o governador do estado de Aragua, Tareck el-Aissami — ambos membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), legenda de Maduro — se reuniram com a presidente do Conselho, Tibisay Lucena, em Caracas. Ao fim da reunião, Rodríguez pediu a suspensão da MUD como partido político, alegando que a coalizão cometeu “a maior fraude eleitoral da história do país” durante o recolhimento de firmas para o referendo, com “mais de 300 mil assinaturas invalidadas por infrações graves, como a presença de pessoas mortas nas listas”.

— Como é possível que o CNE ative um artigo da Constituição com uma base tão profundamente manchada e corrompida por infrações? — perguntou Rodríguez.

A acusação foi respondida por Caldera:

— Quem cometeu a maior fraude foi o PSUV, que deixou metade do país passando fome — afirmou o dirigente político.


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