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Governo brasileiro busca ajuda internacional para tentar recuperar museu incendiado

Por Portal Do Holanda

04/09/2018 7h37 — em
Brasil


Foto: Márcio Alves

RIO – Os ministros da Cultura e da Educação, Sérgio Sá Leitão e Rossieli Soares, respectivamente, estiveram na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira, para acompanhar o trabalho de rescaldo dos Bombeiros no Museu Nacional e anunciaram a liberação imediata de R$ 10 milhões à UFRJ para ajudar na reestruturação do palácio. Sá Leitão afirmou ainda que existe uma busca por apoio internacional.

– Estamos pedindo ajuda internacional, procurando reforço e vendo como aumentar e melhorar à partir de agora o acervo do Museu Nacional, com apoio de todos os pesquisadores que já estão aqui trabalhando com as pesquisas.

O ministro citou ainda etapas que serão oficializadas pelo Governo Federal: o dinheiro liberado já nesta semana pelo Ministério da Educação (MEC) será utilizado para a contenção de paredes, levantamento de inventário e recuperação do acervo. A elaboração dos projetos básico e executivo para a reconstrução e aquisição de equipamentos será feita através de uma verba, também do MEC, via Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), de R$ 5 milhões. Segundo ele, a Lei Rouanet também será utilizada para pagar parte das obras.

– O comitê executivo vai acelerar as ações de recuperação, envolvendo não só o MEC e o ministério da Cultura, mas outras áreas, como a Casa Civil da Presidência, o Ministério do Planejamento, ou seja, o governo como um todo. Além da UFRJ, a equipe do museu, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e outras instituições que sejam importantes. A Unesco, que vai estar contribuindo para esse processo, inclusive anunciou que vai mandar especialistas em museus do mundo todo que virão ao Brasil para auxiliar nesse processo – afirmou Rossieli.

Mais cedo, Cristiana Serejo, vice-diretora do Museu Nacional, estimou em R$ 15 milhões a verba inicial necessária para recuperar o local. Ela, no entanto, acredita que só esse valor não será suficiente, e falou sobre a possibilidade de aportes internacionais.

– Vamos tentar mobilizar todos, inclusive a sociedade. Não dá para achar que o governo federal vai conseguir fazer isso sozinho – disse, e afirmou ainda que uma das possibilidades para a retomada das aulas é usar o prédio do Horto, onde também funciona uma das bibliotecas da UFRJ.

CLIMA É DE LUTO

Muito emocionadas com a destruicao do museu, duas estudantes do Instituto Superior de Educação do Rio (Iserj), disseram estar de luto. À frente da estátua de Pedro II, permaneceram alguns minutos chorando, abraçadas.

– Tivemos a sorte de estudar aqui perto e passamos muitos momentos aqui. Me sinto até mal por nao termos entrado no museu uma última vez no sábado, quando estivemos na Quinta da Boa Vista. Um museu tão importante como esse, agora destruído – lamentou Manoella Gregorio, de 15 anos.

Ao lado da amiga, Maria Eduarda Pimentel, da mesma idade, não conseguia acreditar no que aconteceu.

– Chega a dar um desespero – disse, chorando.

Mais cedo, a estudante de História da UFRJ, Diana Amorim, de 21 anos, esteve no local e não segurou as lágrimas. Olhando para o que restou do equipamento, lembrou de quando era estagiária no museu e de todos os projetos que participou.

– Eu quis vir para ver algo que não queria acreditar. Dói muito. O Museu fazia parte da minha vida. Antes mesmo de ser estagiária, eu gostava de vir. Desde criança vinha sempre. Me orgulho muito de ter feito parte da história do museu. Penso nos salões. Só quem veio aqui pode ter essa memória. Essa memória de cinzas nao é a que eu quero ter deste lugar.

A jovem é filha da bióloga Maria Célia Amorim, de 58 anos, que trabalhou no setor de bichos raros do museu nos anos de 1980. Segundo Ela, a tragédia ja dava sinais desde então.

– Era uma tragédia anunciada há muito tempo pelas condições. Muito cupim, infiltração. Salas ficavam fechadas porque não havia verba para a manutenção, o máximo que fazia era um paliativo.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: incêndio, museu nacional, verba, Brasil

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