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O País apodreceu. Mas pode ficar pior com os heróis da desesperança


Por Raimundo de Holanda

09/12/2016 23h46 — em
Bastidores da Política



Há um ano, quando Marcelo Odebrecht foi preso, o fundador da construtora que leva o nome da familia,  o velho  Emílio Alves Odebrecht, ameaçou: 'se prenderem meu filho,  a República vai cair'. Marcelo foi preso, resistiu a delação e ao acordo de leniência da construtora, mas agora os Odebrechts contaram tudo e, como vaticinou  Emílio, a República começou a desmoronar na noite de sexta, quando o teor das delações veio a púbico.

A sensação que ficou é que o Brasil apodreceu e com ele as instituições. Mesmo a mais cara ao Pais, que aparentemente cedeu a um chantagista.  

Muita gente está rindo à - toa. É para chorar. O horizonte escureceu para todos os brasileiros.

O novo cenário aponta para uma maior desconfiança dos investidores no País, a migração de capitais, a provável desvalorização do Real em um ritmo talvez nunca visto desde a sua criação.

Sem a confiança do mercado param os investimentos, as demissões viram rotina, o país entra em parafuso.

Culpa dos políticos? Nem tanto. Tudo apodreceu.

Não restou sequer um Poder  incólume, capaz de mostrar os rumos a seguir.

O Supremo Tribunal Federal  já se revelou medroso, submisso, dividido e com uma capa de suspeição revelada aos  brasileiros no julgamento da medida cautelar que afastava ( e não prosperou) Renan Calheiros da Presidência do Senado.

Restaram os heróis fabricados pela desesperança, como Sérgio Moro, os procuradores do Ministério Público, a Polícia Federal. Mas se os poderes da República falirem e o Pais ficar nas mãos desse triunvirato, estará instaurada a ditadura, o caça às bruxas, uma inquisição à brasileira. E isso pode ser o fim. (RH)

OS PRESIDENTES  DA LAVA JATO

Com a delação do executivo Claudio Melo Filho, da Odebrecht ao, Michel Temer já é o quinto presidente brasileiro envolvido em denúncias da Lava Jato. Pala anterioridade no cargo, José Sarney, Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e o mandatário atual Michel Temer constam nas investigações da maior operação de desmonte da corrupção pública no país. Melo Filho relatou aos investigadores que negociou pessoalmente, em maio de 2014, o repasse de R$ 10 milhões da construtora ao PMDB. Ao lado de Temer, na hora do acerto, estava o atual ministro Eliseu Padilha. A delação reforça o pedido de impeachment do presidente, protocolado na quinta-feira por movimentos sociais, com base no caso do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero.

CADÊ O DELEGADO ?

Hoje completa cinco dias que o delegado de polícia Thyago Garcez desapareceu durante um confronto com traficantes de drogas em Coari, na segunda-feira passada. As buscas se intensificam, mas parece que os bandidos têm maior domínio sobre a logística dos rios amazônicos do que a polícia, que deveria estar mais preparada para ações nesse nível. A coisa vem sendo tratada como o desparecimento de uma pessoa e não como uma ‘afronta’ deliberada ao sistema de segurança. Melhor armados e equipados, os traficantes brincam de gato e rato com as forças policiais.

 PRISÃO DE SARNEY, COLLOR E AÉCIO

Dois ex-presidentes, José Sarney e Fernando Collor, mais o senador Aécio Neves devem ser os próximos ‘figurões eminentes’ da República e serem presos pela força-tarefa da Lava Jato. No STF o ministro Ricardo Lewandowski já teria expedido os mandatos de prisão para eles há dez dias, mas a ‘blindagem’ política os estaria seguran

 

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ASSUNTOS: bastidores, geraldo alckmin, Lava Jato, Manaus, Marcelo Odebrecht, sergio moro

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.