LONDRES — Suspeito de assédio sexual, o político britânico Carl Sargeant foi achado morto nesta terça-feira em sua casa, disse a polícia, que disse não tratar a sua morte como suspeita. Envolvido no escândalo que atinge a classe política do Reino Unido, Sargeant morreu poucos dias após renunciar o cargo que tinha no governo regional do País de Gales e ser suspenso do Partido Trabalhista. O líder da legenda, Jeremy Corbyn, disse ter ficado muito chocado pela notícia de sua morte no Twitter.

Sargeant, de 49 anos, foi eleito pela primeira vez para a Assembleia do País de Gales em 2003. Em dezembro de 2009, ele foi ministro de Justiça Social e em maio do ano passado, tornou-se secretário do gabinete de Comunidades e da Infância. O político falou no início da semana que queria uma investigação urgente sobre as alegações de assédio sexual contra ele, que não foram divulgadas, para que seu nome pudesse ser limpo.

"Carl era um amigo e estou chocado e muito triste com sua morte", disse num comunicado o primeiro-ministro do País de Gales, Carwyn Jones.

Alimentados pelo escândalo do produtor de filmes de Hollywood Harvey Weinstein, pesquisadores, funcionários e jornalistas começaram a revelar casos assédio sexual de parlamentares britânicos. Em diversos casos, os partidos políticos falharam em tomar ação e até desencorajaram as vítimas a denunciar. As alegações vão de toques sem permissão e e-mails sugestivos até casos de estupro.

As denúncias de assédio sexual já causaram a renúncia do ministro de Defesa do Reino Unido, uma investigação do vice da primeira-ministra britânica, Theresa May, e a suspensão de diversos membros do Partido Conservador e Trabalhistas. Tanto May quanto Corbyn definiram novas medidas para lidar com as alegações de assédio.

O ministro britânico de Defesa, Michael Fallon, renunciou há uma semana após uma denúncia de assédio sexual, dizendo que sua conduta no passado não se encaixava no padrão requirido para seu cargo. Fallon foi acusado de botar a mão no joelho de uma jornalista durante um jantar num congresso do partido conservador em 2002.

Na semana passada, May apresentou à líder da Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, os planos do governo para combater o assédio sexual, incluindo medidas para fazer cumprir um código de conduta e estabelecer um procedimento de queixa independente. A premier ainda ordenou investigações sobre um relato de que um de seus ministros pediu a uma secretária para comprar brinquedos sexuais e uma alegação de que seu deputado, Damian Green, assediu uma jovem, algo que ele nega.

O ex-ministro conservador, Stephen Crabb, também é um dos envolvidos no caso. Ele confessou que enviou mensagens explícitas a uma mulher de 19 anos, que conheceu em uma entrevista de emprego em 2013. No ano passado, o político precisou renunciar ao cargo devido a um incidente semelhante.

Na mesma semana, o ministro britânico do Meio Ambiente, Michael Gove, pediu desculpas depois de fazer uma piada de gosto duvidoso sobre Weinstein. Na ocasião, Gove comparou que entrar no estúdio da "BBC Radio 4" era como entrar na sala de Harvey Weinstein. "Espero sair com a dignidade intacta", disse ao vivo.

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, afirmou que uma cultura degradante existe e prospera nos bastidores do poder, mesmo em Westminster:

— Uma cultura que tolera a violência contra as mulheres há tempos demais — disse Corbyn.