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Vítimas de quadrilhas do 'limpa-conta' estão até 1 ano esperando por ações da polícia de SP

Por Folha de São Paulo

24/06/2021 15h06 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No início da semana completou um ano que Amanda, 28, foi vítima de criminosos que, após levarem o celular dela, invadiram aplicativos bancários, limparam contas bancárias e deixaram para trás um rombo de quase R$ 10 mil.

Mesmo fazendo todos as comunicações oficiais, como orientam os especialistas, até agora ela não foi procurada pela Polícia Civil para ser ouvida em uma eventual investigação sobre esse tipo de crime cada vez mais comum em São Paulo.

Amanda não está, porém, sozinha entre os alvos das chamadas quadrilhas "limpa-conta". De oito vítimas localizadas pela Folha de S.Paulo, que registraram boletim de ocorrência, nenhuma delas havia sido procurada por policiais para receber ou fornecer detalhes para eventuais investigações até a manhã desta quarta (23).

A demora por ações policiais provoca uma sensação de incredulidade nas vítimas, como descreve o gerente Amilker da Silva Chiosini, 25. Ele teve o celular furtado no mês passado, na região da Santa Cecília (zona oeste), e logo depois teve suas contas bancárias invadidas e cerca de R$ 20 mil levados por criminosos.

Chiosini acreditava que teria uma resposta rápida por parte das autoridades, até porque ele, por meio de uma investigação própria, conseguiu descobrir ao menos uma pessoa para a qual todos os recursos foram desviados.

"O complicado é a polícia não fazer nada... Pela chave Pix eu descobri o CPF de uma das pessoas, chamado Michel Geovani, tenho endereço, telefone, CPF, tenho até a cara da pessoa, mas nada é feito."

O analista de suporte Donald Jorge Cataliva também fez uma investigação própria e descobriu que a principal destinatária dos cerca de R$ 5.000 desviados de sua conta era uma empresa que fica a menos de 800 metros de onde ele trabalha.

"Fui olhar o email que eles utilizaram para fazer o PIX, era de uma agência de transporte da [av.] Rio Branco. Na minha visão, seria algo fácil para se rastrear, mas isso seria um trabalho da polícia", afirmou ele, furtado em março.

Outra vítima localizada pela Folha também identificou duas empresas, uma de serviços e outra de terraplanagem, cujas contas bancárias foram utilizadas por criminosos para o desvio de cerca de R$ 33 mil.

Há entre as vítimas aquelas que não fizeram investigações próprias por falta de incentivos. Caso do músico Jorge de Godoy Monteiro, 30, furtado quando chegava em casa, na rua Frei Caneca, em maio deste ano. Quando conversava com o delegado para o registro dos desvios bancários, ouviu que o trabalho da polícia ficaria na elaboração do boletim de ocorrência.

"Não tem o que a gente fazer. Vou fazer aqui o BO e você precisa resolver com o banco e, se não resolver, aí é com a Justiça", disse o policial, de acordo com Monteiro.

Após a Folha de S.Paulo procurar a Secretaria da Segurança de São Paulo para entender por que as vítimas não foram chamadas, uma delas disse ter recebido um telefonema do distrito de região que investiga o assunto.

O músico Jorge de Godoy Monteira, 30, tem o celular furtado por ciclista; criminosos invadiram contas bancárias e levaram dele R$ 15 mil Reprodução/Câmera Segurança furto de celular **** De acordo com o governo paulista, a Polícia Civil de São Paulo tem 12 inquéritos em andamento na capital e no interior e, entre eles, casos citados pela reportagem.

"Sete vítimas já foram ouvidas no curso dos inquéritos, e as demais, que ainda não foram chamadas, serão convocadas a prestar depoimento", diz nota.

Ainda segundo o governo paulista, esses casos estão sendo conduzidos pela Divisão de Crimes Cibernéticos do Deic (Crime Organizado) e, ainda, por distritos policiais da capital e do interior (4º, 15º e 77º e 3º de Campinas).

Em nota, a polícia informou ainda que realiza operações específicas para apreensão de celulares e constantemente prende suspeitos ligados a esses crimes, o que teria levado à redução de aparelhos roubados.

Por fim, a pasta encaminhou algumas recomendações para enfrentar os chamados crimes cibernéticos, cada vez mais atuais. Entre as dicas dadas após o extravio de telefone celular está a alteração das senhas bancárias "se houver aplicativo instalado no dispositivo eletrônico".

A polícia também orienta a mudança de senhas de emails, redes sociais, Google, sites de compras e demais credenciais, como o bloqueio do cartão SIM card junto à operadora e, por fim, "elaborar o boletim de ocorrência pela Delegacia Eletrônica ou na congênere da área, solicitando o bloqueio do telefone celular (informar CPF e número do IMEI do dispositivo móvel)."

Bancos e empresas de telefonia também começaram a se movimentar. Em reunião realizada nesta quarta (23), comprometeram-se com o Procon São Paulo a criar centrais de emergência para o bloqueio imediato de contas após o extravio de celulares.

As centrais de emergência não terão, por ora, os números de telefones com três dígitos (111, por exemplo), como sugeriu o Procon, mas serão serviços de fácil acesso para comunicação rápida.

Além disso, Apple e Google também prometeram facilitar o acesso dos serviços pelos quais os usuários podem apagar remotamente todos os aplicativos de seus celulares, utilizando outros aparelhos. Embora pouco conhecido, esses serviços já existem e serão mais acessíveis.


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