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Turismo ambiental, mais barato, deve crescer em SP na esteira da crise

Por Folha de São Paulo

27/06/2022 3h33 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O turismo ambiental acelera seu mercado desde antes da pandemia, e com a recente queda da renda do brasileiro, a tendência é que o setor se expanda ainda mais, apontam especialistas. O tema foi discutido no seminário Perspectivas do Turismo no Estado de São Paulo, organizado pelo jornal Folha de S.Paulo na quinta-feira (23).

Segundo Raul Sulzbacher, presidente do conselho do São Paulo Convention & Visitors Bureau –entidade promotora do turismo na capital paulista–, a classe média buscará nos próximos cinco anos cidades que tenham parques conservados. "É uma atividade natural e barata", afirma.

No ano passado, por exemplo, as 145 unidades de conservação em todo o país administradas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) atingiram o maior número de visitantes em cinco anos –16,7 milhões.

Para Sulzbacher, São Paulo precisa reformar ciclovias e trilhas conectadas aos seus parques urbanos e naturais. "Só espero que esses locais não virem quiosques de churrasco aos finais de semana", pondera. O governo paulista aponta que 20% da área de São Paulo é protegida por leis ambientais –a média brasileira, de acordo com o Banco Mundial, é de 30%.

O Palácio dos Bandeirantes lançou no último dia 15 a campanha Parques de São Paulo. A iniciativa busca promover o estado como destino de lazer natural, integrando mais de 50 parques. Os espaços incluem trilhas, montanhismo, praias e cavernas. Cerca de 17 milhões de pessoas visitam os locais por ano. O governo estima que o número aumentará com o projeto, mas não detalha a previsão.

O Guia de Áreas Protegidas filtra todas as regiões naturais administradas pelo estado, com base em atrativos disponíveis.

No seminário, o secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Fernando Chucre, defendeu parcerias entre os setores público e privado na administração de parques. "Conceder esses locais significa viabilizar ao estado a chance de usar os recursos economizados como investimentos em parques onde não é possível fazer essas parcerias", explica.

O estado tem hoje 151 áreas protegidas, sendo que 34 são parques abertos ao público. A região metropolitana de São Paulo tem 16 parques urbanos estaduais. Ao todo, três áreas protegidas e seis parques estão sob administração privada.

As concessões eram promessa do ex-governador João Doria (PSDB). O movimento foi criticado por setores da sociedade, que viram fragilidades nos contratos.

Para Rogério Dezembro, sócio do Consórcio Reserva Paulista e CEO do Live Park, concessionária de parques de São Paulo, a população ganha quando se coordena os papéis dos dois setores. "Não adianta um espaço gerido pelo estado oferecer serviço precário e não cumprir sua vocação pública", afirma.

O zoológico de São Paulo –o maior em biodiversidade da América Latina, de acordo com o governo– é um dos parques administrados pelo Reserva Paulista. O espaço foi leiloado em fevereiro do ano passado e o consórcio terá, segundo o contrato, de modernizar equipamentos, prédios e áreas de exposição de flora e fauna.

Segundo Dezembro, a estrutura do local será integrada ao Zoo Safari e ao Jardim Botânico, também sob concessão da empresa. Os três lugares foram leiloados por R$ 111 milhões e serão geridos pela iniciativa privada por pelo menos 30 anos.

"O Safari e o zoológico hoje são parcialmente interligados, mas com acessos distintos. Isso será alterado", explica. O gestor também destaca a ideia de criar um passaporte de ingressos utilizados por visitantes que queiram ir aos três parques em dias diferentes, pagando menos.

Em outra frente, os debatedores elogiam as decisões do governo paulista na despoluição do Rio Pinheiros. O Executivo informou no final de março que foram investidos R$ 4 bilhões no projeto e feitas mais de 555 mil ligações de água e esgoto no local.

Dos 13 pontos de monitoramento do rio, 11 já têm DBO (demanda bioquímica de oxigênio), indicador de qualidade da água, abaixo de 30 mg/—o que já melhora coloração e cheiro. A meta é que todos atinjam o número até o fim do ano.

As margens do Pinheiros recebem hoje cerca de 160 mil visitantes por mês, em ciclovias e outros equipamentos de lazer. "Já andei nesse rio de barco e ele era uma nojeira, o que fizeram com ele é algo incrível", elogia Ernani Paciornik, idealizador e CEO da feira náutica Boatshow. " O governo tem que limpar rios ou o empresário não vai querer explorá-los", completa.

O evento foi patrocinado pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e pela Visite São Paulo. A mediação foi da jornalista Marcella Franco, editora do caderno de Turismo da Folha.


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