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Tradicional hospital japonês de SP demite mais de cem funcionários e enfrenta crise

Por Folha de São Paulo

04/02/2025 11h00 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Hospital Japonês Santa Cruz, tradicional instituição de São Paulo fundada com o apoio da comunidade japonesa há mais de 80 anos, demitiu cerca de 120 funcionários em janeiro e enfrenta uma crise financeira com queixas de trabalhadores por falta de pagamento.

A instituição atribui o problema às dificuldades enfrentadas pelo setor de saúde após a pandemia e afirma que está fazendo "uma série de ajustes em sua operação".

Segundo relatos de ex-funcionários e do Seesp (Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo), o hospital está atrasando o pagamento das rescisões. Também há reclamações de atraso de salários, 13º e FGTS.

Procurada pela Folha de S.Paulo, a instituição afirma que "a movimentação recente representou cerca de 15% do quadro de funcionários, não representando demissão em massa". Segundo sua assessoria de imprensa, o número de profissionais com carteira assinada girava em torno de 800 pessoas.

"Os ajustes têm finalidade de manter a sustentabilidade financeira e preservar o emprego do maior número possível de funcionários, mantendo a segurança dos pacientes que buscam o hospital. Os desafios enfrentados pelo setor de saúde, incluindo os hospitais filantrópicos, principalmente durante e após a pandemia, impactaram de forma relevante o Hospital Japonês Santa Cruz, e estamos tomando todas as medidas necessárias de ajuste, visando a continuidade do hospital, o que possibilitará sua recuperação, e consequente abertura de novas vagas", diz a instituição em nota.

Péricles Batista, vice-presidente do Seesp, afirma que os profissionais que restaram no hospital estão sobrecarregados e com receio de novos cortes.

"Mais de 80% do efetivo da enfermagem são mulheres. Muitas delas são mães, que precisam do salário para pagar suas despesas. Estão trabalhando com o emocional abalado, sem saber se vão ser mandadas embora e se vão receber", afirma.

Inaugurado em 1939, o hospital teve o apoio da família imperial do Japão e do governo do país asiático para auxiliar a comunidade japonesa no Brasil.

Segundo a instituição, que atende beneficiários de planos de saúde privados e pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde), sua estrutura abrange mais de 170 leitos e mais de 1 milhão de atendimentos anuais com cerca de 40 especialidades médicas, além de pronto atendimento e centro cirúrgico geral.

De acordo com a Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo), o problema do hospital japonês está ligado a uma série de dificuldades que atingem as Santas Casas e hospitais filantrópicos em geral.

"A tabela SUS Paulista trouxe alívio, mas grande parte das instituições têm dívidas passivas históricas de mais de 15 anos de defasagem, com altos juros, e é preciso apoio nesse sentido. Sofremos ainda com glosas e pressão das operadoras, a defasagem do Iamspe [Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual] e o aumento significativo dos insumos", afirma Edson Rogatti, diretor-presidente da Fehosp.


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