Sintomas do coronavírus parecem os de gripe; veja quando procurar médico
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com o início do outono e queda de temperaturas, deve aumentar o registro de outras doenças respiratórias com sintomas semelhantes aos da doença causada pelo vírus da Sars-Cov-2, a Covid-19. A nova doença se diferencia tanto pelo tempo de manifestação dos sintomas, de 2 a 14 dias após a o contato com o vírus (o chamado período de incubação), quanto no agravamento do quadro, que ocorre de forma gradativa e, em casos extremos, pode levar à falência dos órgãos. Causada pelo vírus influenza, a gripe se caracteriza por um conjunto de sintomas que surge de forma repentina, com tempo de incubação curto, que vai de 1 a 7 dias. Os sintomas comuns ao do novo coronavírus são febre e tosse seca. Outros sinais comuns na gripe --cansaço, dores no corpo, na garganta e de cabeça-- às vezes também podem ser manifestados por quem tem Covid-19. Ainda que a vacina contra a gripe influenza não previna infecção pelo novo coronavírus, não se deve ignorar a campanha de vacinação em curso. "A gripe pode causar um quadro tão grave quanto a Covid-19, levando a uma pneumonia, por exemplo", explica Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unicamp. Ambas doenças têm um quadro mais grave do que o de um resfriado, cujos sintomas podem surgir num período de 2 a 5 dias. Nele, são comuns o nariz entupido, coriza, espirros e tosse leve. São raros a diarreia, a dor de cabeça e a falta de ar. Outro sintoma comum entre as três doenças é o desenvolvimento da anosmia ou a hiposmia (nomes dados para a perda total e parcial do olfato, respectivamente). O alerta foi feito por médicos da China, Alemanha, Itália e França após observar seus pacientes. Na Covid-19, porém, a diferença é que a perda do sentido pode ocorrer sem que haja congestionamento nasal e antes ou sem a manifestação de outros sintomas. Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF), a ocorrência súbita da falta de olfato, sem congestionamento nasal como acontece com gripes e resfriados comuns, por exemplo, talvez possa indicar infecção pelo novo coronavírus. A entidade sugere o isolamento em casa por 14 dias. Em comunicado, Associação Britânica de Otorrinolaringologia (Entuk) e a Sociedade Britânica de Rinologia disseram que é significativo o número de pacientes que desenvolveram perda de olfato associada à Covid-19 em diferentes países. Na Alemanha, o sintoma foi relatado em mais de dois em cada três casos confirmados da infecção pelo vírus. Na Coreia do Sul, que realizou mais testes entre a população, cerca de 30% dos pacientes com coronavírus relataram o sintoma. Como parte dos sintomas da gripe e do resfriado coincidem com o coronavírus, Stucchi afirma que os os principais indicadores da nova doença são a febre alta, a tosse e o cansaço ou falta de ar. Ao senti-los, a orientação é de se procurar atendimento médico. Tal recomendação busca evitar que uma pessoa que tem apenas um resfriado acabe sendo de fato infectada pelo Sars-CoV-2 ao ao procurar atendimento diante de sintomas leves. Segundo Jamal Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas, a partir do momento em que a pessoa começa a ter sintomas do novo coronavírus, a média de tempo para que o quadro se agrave tem sido de cinco dias. Esse período, porém, pode variar segundo o estado de saúde prévio do paciente. "Em pessoas com comorbidades --as doenças associadas, como diabetes, hipertensão-- ou em uso de drogas imunossupressoras, esse período pode ser mais curto. Em quem não tem comorbidade, mas tem a questão da idade, esse período pode ser mais longo", explica. No caso do novo vírus, ainda não há clareza sobre as sequelas de quem tem a pneumonia causadas pelo Sars-Cov-2. Elas devem ser conhecidas conforme evoluam os estudos e com o aumento do número de pacientes tratados. Suleiman afirma, contudo, que a gravidade dessa pneumonia já é indicada pelo tempo de permanência em aparelhos respiradores, que tem variado de três a cinco semanas, algo fora do comum. "A gente ainda não sabe exatamente depois. Sabemos que há uma mudança na arquitetura do pulmão e que pode diminuir a capacidade respiratória dessa pessoa e pode fazer com ela crie dependência de oxigênio. Mais informações do que isso, neste momento, a gente ainda não tem", diz.
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