Servidores do maior pronto-socorro de Belém paralisam atividades no 1º dia da COP30
BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - Nesta segunda-feira (10), primeiro dia da COP30, servidores do pronto-socorro Mário Pinotti, o maior de Belém, paralisaram as atividades em protesto contra a decisão da prefeitura de fechar e transferir temporariamente os serviços da unidade para outro local.
Referência em urgência e emergência de alta complexidade, a unidade é a única que funciona em regime porta aberta no estado, ou seja, qualquer pessoa pode procurar atendimento de emergência sem necessidade de encaminhamento prévio de outro serviço de saúde.
A justificativa oficial é a realização de uma reforma estrutural na unidade, que está em situação precária.
De acordo com relatório do Conselho Regional de Medicina do Pará, de abril deste ano, soro e ataduras funcionavam como peso de porta, já que a estrutura está deteriorada e não fechava mais. Mobiliários estavam rasgados e enferrujados, e havia infiltrações em vários locais. Ainda segundo o CRM, as condições representam risco para os pacientes e para os profissionais de saúde.
O fechamento, no entanto, tem sido visto pelos servidores como o primeiro passo para uma possível privatização do pronto-socorro.
Para os profissionais, a interdição sem um plano de contingência claro pode colapsar a já sobrecarregada rede municipal de saúde. Há preocupação também com o fim do regime porta aberta.
De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, durante o período da obra, os atendimentos de urgência e emergência serão transferidos temporariamente para um hospital da rede privada. E, após a reforma, a prefeitura informou que o hospital continuará funcionando, juntamente com a unidade privada, dobrando a capacidade de leitos do município.
Os manifestantes vestiram roupas pretas e levaram caixões até a entrada do prédio em sinal de luto. Também chegaram a interditar parcialmente a avenida como forma de pressão e visibilidade.
No mês passado, o Ministério Público Federal alertou que o sistema de saúde pública de Belém está em situação crítica e corre risco de entrar em colapso com a chegada dos participantes esperados da COP30.
Em resposta, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a abertura de um novo pronto-socorro no hospital Beneficiente Portuguesa, que funcionará pelo SUS. Disse ainda que tanto a OMS quanto a ONU deram nota 10 para a estrutura montada, não só para a COP30, mas para o SUS da cidade de Belém.
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