Em um lugar não muito exato da América do Sul, há uma nação chamada República das Mandiocas. Pelo menos assim é na peça "Democracia sem Vergonha", em cartaz no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo.

O tal país é repleto de denúncias de corrupção, com propinas para empreiteiras, e políticos que compram votos e mantêm contas em países distantes. A obra é escrita e dirigida por James Akel, que também está no elenco ao lado de Alice Vieira, Lorena Prado, Amanda Lazarini e Tânia Caruso.

O autor confessa à reportagem que a polêmica fala da presidente Dilma Rousseff na abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em junho deste ano, quando saudou a mandioca, inspirou o nome do país fictício da peça. "Sem dúvida, [a fala da presidente] foi de grande inspiração. Aliás, agradeço à presidente Dilma, porque ela inspirou grande parte da peça. E Lula também".

Segundo o dramaturgo, "Dilma é grande material para a gente fazer humor", comparando a figura da presidente a políticos como Jânio Quadros (1917-1992) e Adhemar de Barros (1901-1969). "Todo país democrático tem o humorismo baseado na crítica social e política. Nos Estados Unidos, todos os presidentes são criticados em humorísticos. Não é para ofender ninguém", diz Akel, que não teme represálias.