Compartilhe este texto

Prefeito e governador descartam aumento na tarifa de transporte em SP neste ano

Por Folha de São Paulo

30/06/2022 19h06 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou nesta quinta-feira (30) que não haverá aumento da tarifa dos transportes na cidade de São Paulo neste ano, seguindo em R$ 4,40. A declaração foi feita um dia após a greve de motoristas e cobradores que parou 675 linhas de ônibus.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é candidato a reeleição, também afirmou que as tarifas do metrô e da CPTM também não vão aumentar.

Segundo Nunes, o subsídio, que chegou a R$ 3,3 bilhões em 2021, será ampliado em 2022, por causa dos gastos com combustível e folha salarial das empresas —a previsão é de que passe de R$ 4 bilhões.

"Conversei ontem com o governador Rodrigo Garcia (PSDB). Ele não vai aumentar o trem e o metrô, e a Prefeitura de São Paulo não fará aumento da tarifa neste ano", disse.

Nunes afirmou que já são dois anos sem aumento da passagem, apesar dos reajustes nos combustíveis, por exemplo. Ele disse que o novo valor do subsídio depende muito de como vai ser o custeio e o volume de passageiros ao longo do ano, mas aponta para um acréscimo substancial no repasse de recursos. "A gente imagina que deva passar de R$ 4 bilhões neste ano", disse.

O prefeito disse que só o aumento nos salários de motoristas e cobradores, acordado após a primeira paralisação em 14 de junho, tem um impacto de R$ 300 milhões no subsídio repassado às empresas.

Segundo Nunes, a manutenção da tarifa e o encarecimento dos custos de transporte levam a um repasse maior. "Evidentemente, teremos que aportar mais recursos de subsídio, como o estado vai fazer com o Metrô também, né? Porque o Metrô é uma empresa não dependente e vai passar a ser dependente, porque vai ter que ter recurso do governo para manter a tarifa", explicou.

Nunes disse também que a ação conjunta da prefeitura e do estado para manter o valor da tarifa é uma política pública. "Porque tem uma retomada econômica, São Paulo está gerando empregos, mas temos muitos desempregados. Na capital, temos 800 mil desempregados, 11% do público ativo procurando empregos", disse.

Nesta quinta (30), em entrevista à Rádio Eldorado, Rodrigo afirmou que não haverá reajuste nas tarifas do Metrô e da CPTM. "Vamos manter as tarifas nos preços atuais até o final do ano, também como um esforço do estado para que a gente evite repassar a alta de custos para o consumidor", disse.

Garcia afirmou ainda que houve aumento na tarifa da energia elétrica, com impacto nos custos de operação dos trens e do metrô. Mas, segundo ele, o governo estadual tem mantido repasses feitos desde o início da pandemia.

Já o custo do diesel representa na capital paulista aproximadamente 20% do custo total que compõe a tarifa dos ônibus, daí o impacto causado nas planilhas das empresas decorrente do aumento do preço dos combustíveis.

Caso a Prefeitura de São Paulo não concedesse o subsídio para compensar os gastos com o sistema, por exemplo, a passagem custaria atualmente R$ 7,40.

A previsão de um subsídio recorde para o transporte público na capital paulista vem na esteira de uma crise nacional no setor, que tem levado a paralisações, suspensões dos serviços e devolução de linhas por parte de empresas.

Na última semana, a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) voltou a cobrar medidas efetivas para a estabilização do preço do diesel, sob risco do serviço de transporte público ser descontinuado em parte das cidades. Segundo a entidade, são realizadas em todo o Brasil cerca de 43 milhões de viagens diariamente, atendendo principalmente a população de menor poder aquisitivo.

Além do custo dos combustíveis, a lenta recuperação do número de passageiros transportados em relação ao período anterior à pandemia também tem afetado os sistemas de transporte público das cidades brasileiras.

Na capital paulista, por exemplo, o volume d​e passageiros transportados em maio deste ano foi 22% menor do que em igual período de 2019, antes da chegada da Covid-19 ao Brasil.

GREVE

Sobre a nova paralisação dos motoristas e cobradores, ocorrida nesta quarta (29), Nunes voltou a criticar o Sindmotoristas, que representa a categoria. "Fica uma experiência para a cidade de São Paulo, para todos os paulistanos, um aprendizado para esse sindicato e outros sindicatos de que não dá para aceitar irresponsabilidades. O que aconteceu ontem foi uma irresponsabilidade, um desrespeito com a cidade, uma falta de comprometimento com a coisa pública, que não se espera de um sindicato."

Na quarta (29), o Sindmotoristas já havia se manifestado contra declarações do prefeito em relação à greve. "Primeiramente, cabe dizer que o prefeito tem agido covardemente, pois sempre terceiriza a sua responsabilidade em dialogar com o sindicato e reconhecer a essencialidade dos trabalhadores em transportes que estão legitimamente reivindicando os seus direitos. Outros ataques partidos do prefeito são levianos", afirmou na ocasião o presidente em exercício da entidade, Valmir Santana da Paz, o Sorriso.

Após a determinação judicial para que motoristas e cobradores retornassem ao trabalho, lideranças do movimento apontaram uma vitória com a paralisação.

"Saímos vitoriosos. É histórico você receber 100% das horas-extras", afirmou o presidente licenciado do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, citando uma das conquistas.


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Variedades

+ Variedades