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Prefeito e empresários miram parcerias público-privadas para estimular o setor

Por Folha de São Paulo

26/06/2022 20h03 — em
Variedades



SÃO PAULO E CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - A criação de parcerias público-privadas pode ser uma alternativa para melhorar a infraestrutura de destinos, oferecer mais atrações a visitantes e explorar o potencial do turismo no estado de São Paulo —junto de seus efeitos positivos para a economia.

É o que avaliam os palestrantes da primeira mesa do seminário Perspectivas do Turismo no Estado de São Paulo, realizado pelo jornal Folha de S.paulo na quinta-feira (23) com patrocínio da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e da Visite São Paulo. O evento foi mediado pela jornalista Marcella Franco, editora de Turismo, Comida e Folhinha.

Para Vinícius Lummertz, secretário estadual de Turismo e Viagens de São Paulo, ações como a despoluição dos rios e a revitalização do centro aproximam a capital paulista de referências internacionais em turismo, já que esses são pontos prezados pelos visitantes de outros destinos pelo mundo.

Um dos caminhos para que o setor se amplie no estado, diz Lummertz, é discuti-lo como uma das prioridades na agenda econômica, vendo-o como ferramenta capaz de gerar empregos e trazer avanços em aspectos como urbanismo e qualidade de vida.

"À medida que conseguirmos internacionalizar mais essa cadeia —como no caso dos distritos de Olímpia e Serra Azul, que têm seus planos diretores de turismo—, alinhar as diretrizes e fazer planejamento, atrairemos mais investimentos."

Patrícia Audi, vice-presidente de relações institucionais do Santander, exemplifica a atuação do setor privado com a participação do banco emprestando US$ 25 milhões (aproximadamente R$ 129,6 milhões) para despoluição do rio Pinheiros, em São Paulo.

Audi também lembra que o Teatro Santander, na zona oeste da cidade, e o Farol Santander, que tem atividades culturais no antigo edifício Banespa no centro, já receberam aproximadamente 1,1 milhão de visitantes cada um desde as respectivas inaugurações, em 2016 e 2018.

Presente na abertura do seminário, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), diz que aposta na combinação de eventos, infraestrutura e licitação de grandes espaços para aumentar o número de visitantes na cidade e torná-la mais atraente.

Nunes acrescenta que pretende inaugurar sete áreas de lazer até o fim do ano, que vão se somar a mais de cem museus e 111 parques.

Antes da pandemia, a capital paulista recebia mais de 2.000 eventos por ano. A expectativa, segundo o prefeito, é retomar esse número com ações como a renovação do acordo com o festival de música Lollapalooza até 2028 e a realização do The Town —criado pelos organizadores do Rock in Rio, o evento estreia em 2023.

Também vão nesse sentido a concessão do Pacaembu e do Anhembi, que tem investimento previsto de R$ 1 bilhão.

"Estamos fazendo uma revitalização muito grande, em parceria com o governo do estado, no centro", disse Nunes. De acordo com ele, a Prefeitura vai reformar 30 ruas e ampliar a iluminação na região central.

Locais como o parque Dom Pedro 2º e a praça da Sé serão reformulados, e novos programas de incentivo fiscal para a atração de empresas estão sendo estudados.

Desde a ação que resultou na expulsão de moradores de rua e usuários de drogas da praça Princesa Isabel, em maio deste ano, dependentes químicos passaram a ocupar diferentes trechos de ruas no centro. O fluxo —como é chamada a concentração de usuários— se instalou na rua Helvétia dias depois da ação.

A segurança pública é outro ponto de atenção. Segundo Nunes, a prefeitura e o governo estão dobrando o número de policiais na Operação Delegada, que passa a contar com 2.400 agentes na cooperação.

Outra melhoria de infraestrutura que pode fortalecer o turismo em São Paulo, sobretudo fora da capital e da região metropolitana, é a ampliação da malha aérea, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).

Para ele, a concessão dos 22 aeroportos administrados pelo Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) ajuda a ampliar a operação desses terminais e, consequentemente, o número de turistas no interior —primeiro, o fluxo dos próprios paulistas, depois de visitantes de outros estados brasileiros e, por fim, de turistas estrangeiros.

"Quando chega um avião num destino, há impacto positivo para entretenimento, produção cultural, comércio, gastronomia e hospitalidade, porque muda o perfil do consumidor que vem de fora a partir do tíquete médio."

Para Sanovicz, outro tópico importante é a discussão e a revisão das políticas de preços da Petrobras. A retomada de viagens e o aumento do combustível usado na aviação vêm contribuindo para uma disparada nos preços das passagens aéreas no país.

"Se 90% do querosene de aviação consumido no Brasil são produzidos aqui e 10% vêm de fora, por que pagamos como se 100% viessem do exterior? O querosene consumido em Guarulhos, por exemplo, sai da refinaria em Caçapava, mas pagamos adicional de frota da marinha mercante como se viesse do Golfo do México", afirma Sanovicz.

"Esse tipo de distorção não deve permanecer na fórmula de precificação, ainda que se mantenha a política de paridade internacional", completa.

A expansão do turismo também impõe desafios aos empreendedores de setores que recebem os visitantes.

Juliana Mello, sócia e diretora da Fortesec (Forte Securitizadora), empresa que conecta investidores e captadores de recursos, afirma que é necessário planejar ações para atender as demandas dos turistas e atraí-los por mais tempo, para além dos fins de semana, seja com a oferta de atrações ou medidas como a ampliação de quartos de hotéis.


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