RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - As polícias Militar e Civil do Rio de Janeiro prenderam 17 pessoas nesta terça-feira (18) sob suspeita de envolvimento com um grupo que fornece e viabiliza e instalação de barricadas em acesso às comunidades do estado.

Um dos presos é Cosme Rogerio Ferreira Dias, suspeito segundo a polícia de ser o principal responsável por fornecer o material para instalação das obstruções, geralmente feitas de concreto e aço. Tratado nos materiais da Polícia Civil como "Mentor de Barricadas", ele é dono de uma empresa que diz atuar no comércio de peças de aço.

Os advogados que representam Dias não foram encontrados pela reportagem. Ele foi preso no Recreio dos Bandeirantes, zona sudoeste do Rio.

Segundo a polícia, Dias se apresenta como empresário de reciclagem, mas lava dinheiro da receptação de cobre e fornece os materiais para construção e reforço de barricadas.

O cobre é um material visado nas ruas do Rio de Janeiro por conta da facilidade de revenda em depósitos de reciclagem e ferros-velhos clandestinos. O furto do cobre é geralmente feito através da fiação elétrica e de materiais de infraestrutura, como as redes conectadas aos trilhos dos trens.

O roubo tem causado prejuízo a companhias como a Light, responsável pelo fornecimento de energia, e SuperVia, concessionária que administra os trens urbanos.

A DRF (Delegacia de Roubos e Furtos) afirma que os ferros-velhos ligados ao tráfico lavam dinheiro para o Comando Vermelho.

"Com a exploração de ferros-velhos, alguns deles no interior de comunidades dominadas pelo CV, e outros fora —alguns até fora do estado—, eles também forneciam material para a construção de barricadas, principalmente aquelas dos grandes complexos de favelas, que são obras de engenharia, com vigas de aço, concretadas no chão. Essas barricadas geram grande dificuldade para as polícias durante as incursões", afirmou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.

A movimentação de dinheiro registrada pela DRF nos ferros-velhos é de R$ 217 milhões, valor considerado pela delegacia "incompatível com as atividades declaradas pelos investigados". A polícia pediu o bloqueio dos R$ 217 milhões em bens e valores e a interdição de oito ferros-velhos.

Também pediu o bloqueio de imóveis no Recreio dos Bandeirantes e de carros considerados de alto padrão.

Na residência do alvo principal, a polícia encontrou dinheiro em espécie e uma arma. A corporação não informou se a arma possui registro legal.

Na segunda-feira (17) o governador Cláudio Castro (PL) anunciou, em reunião com prefeitos, um plano para retirada de barricadas em acesso de comunidades da região metropolitana. O governo calcula que atualmente há ao menos 13.604 barricadas no estado.

Batizado de "Barricada Zero", o plano prevê que o governo estadual forneça estrutura para retirada das obstruções, com retroescavadeira e caminhões, e que os municípios atuem na recuperação do asfalto e no fornecimento de serviços públicos.

Na primeira fase do plano, previsto para começar na próxima semana, 12 municípios devem receber as operações, incluindo a capital.