PM do Rio diz seguir 'parâmetros legais' após Castro criticar Direitos Humanos
DUQUE DE CAXIAS, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Depois de um fim de semana violento em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), prometeu uma "resposta dura" ao crime organizado. Ele também mandou um recado para entidades ligadas à defesa dos Direitos Humanos "não encherem o saco".
Com lema "servir e proteger", a missão da PM do Rio, segundo o plano estratégico da corporação, é "melhorar a qualidade de vida no Estado através da preservação da ordem pública e da garantia dos direitos fundamentais".
Na manhã desta segunda-feira (17), mais de 200 policiais militares foram às ruas de Duque de Caxias para uma operação ostensiva contra roubos de carro, carga e pedestres.
A tenente-coronel Claudia Moraes, porta-voz da corporação, afirmou que "a fala do governador [criticando Direitos Humanos] foi uma fala indignada de um líder do governo do Estado diante de uma situação. Na própria fala dele, ele coloca que a resposta do Estado será dentro da legalidade".
"O parâmetro das forças de segurança que estão sob o comando do governador Cláudio Castro são parâmetros legais", disse Claudia Moraes, porta-voz da PM do RJ.
TENTATIVA DE RESGATE
O traficante Rodolfo Manhães Viana, 34, conhecido como Rato e apontado como chefe do CV (Comando Vermelho) na favela Vai Quem Quer, em Duque de Caxias, foi preso na tarde de sábado (15). Wesley de Souza do Espírito Santo, 30, vulgo W, apontado como seu braço-direito, também foi detido.
Os dois foram levados para a 60ª DP (Delegacia de Polícia), no bairro Campos Elíseos, em Duque de Caxias. Horas depois, um comboio de criminosos fortemente armados atravessou as ruas da cidade a caminho da delegacia.
Lá, metralharam a DP e trocaram tiros com policiais por cerca de 10 minutos. Dois agentes ficaram feridos. Eles foram levados ao hospital Adão Pereira Nunes e, horas depois, receberam alta hospitalar.
"Uma situação como essa requer, de fato, uma resposta dura, mas dentro da legalidade. Desde as primeiras horas do fato na delegacia, a Polícia Militar e a Polícia Civil estão trabalhando juntas, porque esse ataque não foi somente à 60ª DP, foi um ataque a toda sociedade", disse a tenente-coronel Moraes.
PRINCIPAL SUSPEITO É PRINCIPAL ALVO
A suspeita é a de que a tentativa de resgate ocorreu a mando do traficante Joab da Conceição Silva, 33, apontado como chefe do CV no conjunto de favelas da Rua 7 e aliado de Rato. Investigações apontam que ambos atuam em conjunto contra a facção TCP (Terceiro Comando Puro) na cidade.
As detenções de Rato e W, inclusive, ocorreram no momento em que membros do CV da favela Vai Quem Quer se dirigiam para o Morro do Juramento, na zona norte da capital, para confrontar o TCP e tentar dominar o território. Tratava-se de mais um exemplo do plano de expansão do CV em andamento.
No momento do ataque à delegacia, Rato e seu braço-direito já haviam sido levados pelos policiais até a Cidade da Polícia, na capital fluminense.
A polícia informou que os dois ficarão isolados em Bangu 1, na zona oeste, e que vai pedir a transferência deles para o sistema penitenciário federal.
O Brasil tem cinco presídios federais: em Brasília, Catanduvas (SC), Mossoró (RN), Campo Grande e Porto Velho, administrados pela União por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Já com relação a Joab, a Polícia Civil investiga para localizá-lo como "questão de honra", afirmou um dos policiais envolvidos nas buscas. A PM informou que colabora de maneira ostensiva.
Com PMs nas ruas do município, a ideia é a de que, para além da sensação de segurança repassada à população, criminosos que tenham intenção de fugir para outras favelas do Estado sejam pegos.
REAÇÃO E CAÇA
Na tarde de domingo, o governador Cláudio Castro escreveu nas redes sociais que a ação dos criminosos não ficaria "por isso mesmo".
"Já vou avisando à turminha dos 'direitos humanos': não encham o meu saco, porque a resposta será dura e na mesma proporção, só que com efetividade e dentro da lei", prometeu o governador.
Durante todo o domingo, a Polícia Civil realizou operação nas favelas Vai Quem Quer, Rua 7, Santa Lúcia, Rasta e Rodrigues Alves, todas elas em Duque de Caxias.
Ao fim do dia, a corporação anunciou que prendeu cinco suspeitos e que matou um. Os policiais também apreenderam granada e drogas, além de quatro carros que haviam sido roubados.
"As equipes estão na rua sem hora para terminar o trabalho, sem hora para acabar. Estamos analisando diversas informações de inteligência. A investigação já avançou bastante, com todos os elementos identificados", afirmou o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil.
Curi também afirmou que todo criminoso que der cobertura aos alvos da operação também serão localizados pela polícia.
Enquanto isso, o governador tem agenda marcada para a manhã desta segunda-feira no Palácio das Laranjeiras, onde tem a previsão de receber uma comitiva do campeonato de tênis Rio Open.

ASSUNTOS: Variedades