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Lutadores vão de quimono a velório de Leandro Lo para homenagear campeão

Por Folha de São Paulo

08/08/2022 20h05 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A lutadora de jiu-jítsu Marcela Lima, 22, vestiu seu quimono azul na manhã desta segunda-feira (8). Mas, diferentemente do que faz normalmente, não iria enfrentar nenhum adversário, mas homenagear um ídolo.

Lima era uma entre os inúmeros lutadores que foram uniformizados ao velório do campeão mundial Leandro Lo, 33, morto no domingo (7) com um tiro na cabeça. O corpo está sendo velado no Cemitério do Morumby, em São Paulo, onde será enterrado às 16h desta segunda.

"Ele era uma referência do esporte", contou a jovem, que disse ter visto o ídolo em combate várias vezes. Campeão mundial oito vezes, em cinco diferentes categorias, Lo ganhou oito Pan-americanos.

O atleta foi baleado após um desentendimento em um show. O tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, 30, se entregou no início da noite deste domingo após a Justiça decretar sua prisão temporária por 30 dias.

Segundo o advogado da família do lutador, Velozo teria provocado o atleta e acabou sendo imobilizado por Lo. O homem teria, então, sacado uma arma e disparado na cabeça do lutador. A reportagem não localizou a defesa do PM.

No velório, os lutadores atenderam a um pedido da mãe do campeão mundial, Fátima Lo, para que vestissem quimonos. "É uma homenagem que estamos fazendo a ele", afirmou o lutador Fernando Lopes, 48, que disse ter conhecido Lo no início da carreira do atleta, ainda adolescente

"Ele era adversário de um aluno meu e já era diferente", afirmou Lopes, que organiza um evento de lutas, o BJJ Stars, do qual Lo também era campeão.

Amigo de Leandro Lo, William Carmona levava a vestimenta embaixo dos braços. Ele lembrou que o era conhecido no meio como "campeão do povo", por ter sido revelado para o esporte em um projeto social.

A reportagem viu dezenas de pessoas com quimonos brancos, azuis ou pretos chegarem para o velório, entre eles o chef de cozinha Alex Atala, que se diz fanático pelo esporte. Ele não falou com jornalistas.

A cerimônia é restrita a parentes, amigos e colegas de luta.

Primo do lutador, Saulo Gabriel Lo, 22, conta que na infância morou no mesmo quintal do atleta em São Mateus, na zona leste de São Paulo. "Era a inspiração da família. Eu o tinha como um super-herói."

Muito emocionado, o empresário Rodrigo Root, 47, levou um grupo de lutadores de jiu-jítsu para se despedir do ídolo. Ele era parceiro de Lo em um projeto de profissionalização de atletas que, na última quinta-feira (4), consolidou a fusão de duas equipes.

"Ele era o Ayrton Senna no jiu-jítsu e vamos manter o seu legado", disse Root, sobre os oito títulos mundiais de Lo e a paixão que ele tinha para a formação de novos atletas.

"Aqui tem gente muito humilde, que veio de comunidades e que estão conhecendo o mundo, viajando para fora, graças a ele", declarou.

Segundo Root, cerca de 200 atletas participam do projeto, sendo que ao menos 15 são profissionais.

Rider Zochi, 26, que também chorava muito quando questionado sobre o companheiro morto, afirmou que Lo sempre dizia aos mais novos que "faixa preta nunca morre".

Presidente da Federação Paulista de Jiu-Jítsu, o mestre Otávio de Almeida Júnior classificou como covarde a atitude do atirador. Ele, que disse ter acompanhado a conquista do primeiro título Pan-Americano de Lo, em 2011, nos Estados Unidos, acredita que lutadores são provocados a todo momento.

"Representou toda a sujeira deste mundo de violência", afirmou o lutador Zochi.


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