BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (14) ter certeza de que a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, não será contrária à exploração de petróleo na Bacia Foz do Amazonas.

"Tenho certeza que a Marina jamais será contra porque ela é uma pessoa inteligente. Não é que ela não queira fazer, mas é ver como fazer, como não ser predatório com nossa querida amazônia", afirmou Lula.

Anteriormente, a ministra já havia afirmado que só a análise técnica do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) pode determinar se é sustentável, ou não, realizar o empreendimento. Lula, por sua vez, apontou "lenga-lenga" por parte do órgão ligado à pasta ambiental para liberar o início dos procedimentos no poço almejado pela Petrobras.

Lula tem defendido a exploração da Foz do Amazonas. Nesta quinta-feira (13), em outra entrevista, disse que não haverá nenhuma "loucura" ambiental na região.

A área energética do governo e a Petrobras argumentam que a Foz do Amazonas é essencial para substituir o declínio da produção do pré-sal na próxima década.

Já ambientalistas apontam que investir em novas fronteiras de petróleo vai na contramão das medidas necessárias para frear o aquecimento do planeta e que a região é sensível ambientalmente, com risco alto em caso de acidentes.

"A gente tem que fazer uma mediação entre os contra e a favor e pensar na necessidade do Brasil. Isso é bom ou ruim para a economia? Eu sonho no dia que a gente não vai mais precisar de combustível fóssil", disse Lula.

"Nesse aspecto ninguém vai dar lição no Brasil. Eu não quero que a exploração venha causar qualquer dano no meio ambiente. Por isso a gente quer que a Petrobras cumpra todos os requisitos ambientais, e consiga evitar qualquer desgraça como aconteceu no Golfo do México."

Para ele, a prospecção do petróleo é um caminho para a transição energética do país. "A gente tem a meta de que até 2030 a gente vai ter desmatamento zero no Brasil. Não é o Putin, o Macron, o Trump que pediu, é o compromisso que eu assumi", afirmou.

As declarações foram dadas em entrevista à Rádio Clube do Pará. A capital do estado, Belém, foi a escolhida para sediar a COP30 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas), de 10 a 21 de novembro.

Sobre a cúpula climática global, Lula afirmou ter ouvido críticas pela escolha da capital paraense como sede do evento.

"Perguntaram por que não faz em São Paulo, no Rio de Janeiro? Ora, nos vamos fazer em Belém, do jeito que ela é, com o problema que ela tem, para que as pessoas saibam que têm que ajudar", declarou. "Quem vem na COP não vem atrás de beleza, vem para discutir responsabilidade com o planeta Terra."

Nesta quinta, Lula já havia dito que não vai "enfeitar" a cidade nem "tirar o pobre da rua" para a realização da COP30.

O presidente afirmou: "Se não tiver hotel cinco estrelas, durma num de quatro. Se não tiver de quatro, durma num de três. Se não tiver de três, durma [sob a] estrela do céu, do mundo, olhando para o céu, que vai ser maravilhoso".

A organização para a realização da COP30, quando são esperadas 40 mil pessoas, vem enfrentando dificuldades para abertura de vagas para hospedagem.

Lula viajou para a região Norte na quinta. O presidente participou de eventos em Macapá e seguiu para Belém, onde passou a noite. O retorno a Brasília está previsto para o final desta tarde de sexta.