Jovens protestam pelas ruas de Belém e pedem para serem ouvidos na COP30
BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - A nova geração de ativistas pelo clima trouxe de volta o movimento global Fridays for Future (sextas-feiras pelo futuro) para a cidade-sede da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas. Em Belém, eles pedem para serem ouvidos nas negociações oficiais.
Um grupo de cerca de 200 ativistas marchou, nesta sexta (14), da Estação das Docas até a praça da República, na região central. O ato exige espaço à juventude nos debates junto aos líderes globais, explica Daniel Holand, 22, um dos organizadores.
"A nossa ideia é trazer visibilidade e pressionar para que as negociações da COP estejam pautadas em nome da juventude", disse à reportagem.
As principais reivindicações são voltadas ao fim dos combustíveis fósseis, a proteção da amazônia, a transição justa, o financiamento às comunidades mais afetadas, a justiça climática e protagonismo da juventude nessas discussões.
"Nós queremos ser mencionados nas primeiras cartas emitidas pelas COPs nas próximas edições. Também exigimos que nossas vozes sejam escutadas dentro da conferência, e que não seja um espaço de negociação fechado, sem a nossa participação", acrescentou.
Holand celebra o retorno do protesto em um país que sedia a COP, já que o ato deixou de ser realizado nas três últimas edições devido aos regimes autoritários dos países: Egito (COP27), Emirados Árabes Unidos (COP28) e Azerbaijão (COP29).
Esta edição do Fridays for Future acontece, em pressão à COP30, simultaneamente em outros países, como Alemanha, Suécia, Itália, Espanha, Estados Unidos, México, Filipinas, Japão e República do Congo.
O movimento foi criado e popularizado pela ativista sueca Greta Thunberg. Ela ganhou projeção internacional com protestos solitários que promovia a cada sexta-feira em Estocolmo, quando deixava de ir à escola para protestar. As greves estudantis depois uniram milhões de pessoas por ações contra as mudanças climáticas.
Carla Reemtsma, 27, representou em Belém o Fridays For Future da Alemanha, que coordena a mobilização global desta edição, com a realização do ato em 70 cidades do país. Ela reforça a importância do protesto durante a conferência do clima da ONU.
"Nós tivemos uma greve do clima com muitos ativistas jovens de todo o mundo. E estamos aqui enquanto o COP30 está acontecendo com os líderes globais, que estão falando sobre o clima e negociando, e nós pedimos que eles protejam o futuro da juventude", frisou.
O ato na capital paraense reuniu ativistas de cerca de dez países, diz a organização, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Quênia, Filipinas e México. Os manifestantes discursaram no início e, no fim do percurso, ecoaram motes em prol ao meio ambiente.
Joy Koech, 30, representante do Quênia reforçou que os efeitos das mudanças climáticas têm causado mortes no continente africano e outros problemas como o deslocamento forçado de comunidades indígenas.
"Pedimos justiça climática e consciência sobre as consequências da destruição ambiental", disse.
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