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Idosos reclamam de mudança de data para segunda dose sem aviso em São Paulo

Por Folha de São Paulo

23/06/2021 22h05 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Cerca de 20 pessoas de 64 a 65 anos foram até a UBS Humaitá, na Bela Vista (centro de São Paulo), entre as 12h15 e as 12h45 desta quarta-feira (23) para tomar a segunda dose da vacina Oxford/AstraZenca, conforme data marcada no cartão de vacinação, e não puderam ser vacinadas.

Essas pessoas reclamaram que não foram avisadas sobre a alteração de prazo de intervalo entre a primeira e a segunda doses, que passou de seis semanas para três meses por orientação da própria fabricante do produto. Todas elas tinham marcado em seus cartões a data de retorno para os dias 22 de junho --quando as UBSs não abriram na cidade de São Paulo para vacinação-- ou 23 de junho.

"Eles [responsáveis pela vacinação] têm o meu telefone, o meu endereço e tudo. Como não puderam avisar? Eu lá tenho obrigação de saber que mudou", afirmou Regina Lucia de Oliveira Ricciardi, 65 anos.

A situação ocorreu porque, inicialmente, a farmacêutica recomendava o intervalo entre a primeira e segunda doses entre até seis semanas, prazo que variou para menos ou para mais em várias partes do mundo que aplicavam a AstraZeneca.

O imunizante, que no Brasil tem parceria de fabricação com a Fiocruz, foi aprovado pela agência reguladora do Reino Unido em janeiro deste ano. Posteriormente ao lançamento da vacina, um estudo publicado no dia 19 de fevereiro deste ano na revista científica The Lancet mostrou que a aplicação da dose feita num intervalo de três meses (ou 84 dias), é mais eficaz do que o intervalo menor.

Segundo os dados do estudo, a proteção contra casos sintomáticos da Covid-19 foi de 81% após pelo menos 14 dias da aplicação da segunda dose dada com intervalo de três meses. No regime de vacinação com espaço de seis semanas, a eficácia foi de cerca de 55%.

O aposentado Guenntiro Kotama, 64, afirmou que tomou cuidado para ir ao posto na data marcada. "Eu não tinha a menor ideia de que a data foi ampliada. O governo poderia no mínimo informar", afirmou.

Para o contador José Paulo Quatrocci, 65, se a prefeitura já sabia em abril da mudança, não deveria ter indicado a ninguém vir antes do prazo. "Ao menos avisa, assim a gente não perder a viagem", disse.

Para evitar o desabastecimento dos postos de saúde no final de semana passado, a prefeitura utilizou 16 mil doses da AstraZeneca resevadas para a segunda dose. Isso não foi suficiente para evitar o apagão da falta de doses de vacinas contra a Covid na segunda-feira (21), que levou a suspensão de um dia na vacinação na terça-feira, algo que nunca ocorreu desde que a vacinação contra a Covid-19 teve início na cidade de São Paulo.

Ainda a terça-feira, a prefeitura recebeu um lote de 30 mil doses da AstraZeneca para aplicar a segunda dose. Desse total, 16 mil servirão de reposição para o que foi utilizado, e o restante, para vacinar as pessoas que já estão na data correta para receber a dose de reforço.

A Secretaria Municipal da Saúde diz que adequou a sua diretriz de vacinação de acordo com o Ministério da Saúde, que prevê o retorno para a segunda dose, das vacinas Oxford/Astrazeneca e Pfizer. no prazo de 90 dias.

"No sistema eletrônico, consta apenas a data em que a pessoa foi vacinada. A data de retorno é anotada no cartão de vacinação e com isso só é possível o aviso com a conferência do cartão", afirma a pasta, em nota.


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