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Governo federal libera monotrilho leve que ligará aeroporto de Guarulhos a estação de trem

Por Folha de São Paulo

26/11/2020 20h35 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com mais de um ano de atraso, o governo federal liberou a construção do "people mover", monotrilho leve que fará a ligação entre o Aeroporto Internacional de Guarulhos e a estação de trem mais próxima, de mesmo nome, que na promessa do governador João Doria (PSDB) deveria ficar pronta em maio de 2021.

A ideia inicial era que houvesse uma estação da CPTM dentro do aeroporto, o que foi barrado pela concessionária, a GRU Airport. A estação de trem Aeroporto - Guarulhos hoje fica do outro lado da rodovia Hélio Smidt, a mais de 2 km de distância, e quem desembarca lá precisa pegar um ônibus para chegar aos terminais.

O projeto de ligação do trem para Cumbica dependia de uma negociação entre a concessionária do Aeroporto (GRU Airport, controlada pela Invepar) e o governo federal, dono do contrato, articulação que foi encampada por Doria via secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy.

Ofício assinado nesta quinta-feira (26) pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e enviado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) inclui a construção do monotrilho leve entre as obrigações da concessionária do aeroporto.

"Com mais essa ação poderemos aumentar expressivamente o volume dos passageiros que há mais de dois anos precisam realizar este trajeto por meio de ônibus e agora vão contar com um transporte ágil e eficiente. Uma obra que não custará nada ao estado de São Paulo e que irá atender a quem vive em São Paulo e a todos que utilizam o maior aeroporto da América Latina", diz Baldy à reportagem.

No projeto proposto, o passageiro que chegar à estação Aeroporto da CPTM atravessará uma passarela já existente e embarcará no monotrilho leve. O veículo terá três paradas, uma em cada um dos terminais do aeroporto.

Segundo o mapa apresentado pelos governos federal e estadual, a estação diante do Terminal 1 deverá ficar na área onde hoje ocorre o embarque e desembarque de carros. No Terminal 2, a parada deverá ser entre as alas A e B. No terminal 3, internacional, a estação deve ficar próxima ao prédio do estacionamento do aeroporto.

A GRU Airport, no entanto, ainda pode mudar esse projeto.

Este pode ser o começo do desfecho de uma novela que dura quase duas décadas.

Em 2002, ano de eleição, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), em seu primeiro mandato, assinou um convênio com a Infraero para implementar a linha de trem que ligaria a capital a Guarulhos. A promessa era de que as obras começariam em 2003 e ficariam prontas até 2005.

A obra atrasou e, em 2012, o projeto da estação mudou. Se antes deixaria os passageiros na entrada do terminal 2 do aeroporto, a nova estação passou para o outro lado da rodovia, demandando que quem desembarca lá pegue um ônibus para chegar aos terminais de check-in.

O impasse se deu porque, naquele ano, o aeroporto foi concedido pelo governo Dilma Rousseff (PT) à iniciativa privada, e a nova concessionária, a GRU Airport, disse que pretendia usar parte do terreno para a construção de um empreendimento, que poderia ser um hotel ou um shopping, o que inviabilizou a construção da estação de trem.

Para compensar a ausência da estação de trem dentro de Cumbica, a GRU Airport se comprometeu então a fazer um meio alternativo de ligação entre o trem entregue pelo governo do estado, que hoje é feito por linhas de ônibus.

Com a crise econômica no país a partir de 2014, a concessionária não fez o seu empreendimento e nem avançou a ideia das estações dentro do aeroporto, alegando que esses não eram compromissos contratuais.

Quando assumiu o governo, João Doria chegou a chamar de bizarra a desconexão entre a estação de trem e o aeroporto. "Não faz sentido transporte público que não leva até o aeroporto. É tão bizarro que é difícil acreditar que isso tenha sido feito no estado de São Paulo", disse.

A gestão encampou a ideia do "people mover", um monotrilho leve que levaria os passageiros da estação de trem até as portas dos terminais, que seria tocado pela concessionária do aeroporto ao custo de R$ 175 milhões, em troca da redução da outorga anual que a GRU Airport paga ao governo federal.

Ou seja, embora as empresas que farão a obra e a operação sejam escolhidas pela GRU, o governo federal é que deixa de arrecadar para que o monotrilho exista.

Quando anunciou o "people mover" no ano passado, Doria afirmou que as obras começariam em setembro de 2019.

A proposta, no entanto, ficou travada em Brasília, já que o Ministério da Infraestrutura precisava aprovar o projeto da obra. Em setembro deste ano, a pasta disse ao jornal Folha de S.Paulo que "o processo [de aprovação dos projetos apresentados ao governo federal] segue em tramitação, havendo necessidade de análise, por diferentes instâncias, da documentação relativa à proposta e quanto à comprovação do interesse público do projeto."

"Ao mesmo tempo, seguem as tratativas da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] com a concessionária sobre as condições do investimento no contrato de concessão", disse o governo federal.

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