Entenda a megaoperação contra o crime organizado no centro de São Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma megaoperação foi deflagrada pelo Ministério Público na manhã desta terça-feira (6) para desmantelar o crime organizado que atua no centro da capital paulista.
As práticas investigadas incluem a atuação de milícias com agentes de segurança pública, a venda ilegal de armas, a exploração do trabalho de pessoas em situação de vulnerabilidade, a receptação de produtos de furto e roubo e o tráfico de drogas, entre outros crimes tudo sob controle territorial do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região.
Envolvem ainda o uso de torres clandestinas de comunicação para captar a frequência da Polícia Militar de São Paulo e permitir a grupos criminosos antecipar ações policiais.
Trata-se de um novo modelo de intervenção, com a participação de vários órgãos públicos, que busca dar conta da complexidade de um território recortado por diversas práticas e grupos criminosos, mas que tem como face mais visível as cenas abertas de consumo de drogas, como a cracolândia.
Entenda os principais pontos da investigação.
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QUAIS ÓRGÃOS PARTICIPARAM?
Liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, a operação teve a participação das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, além do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho, Receita Federal e estadual, Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Secretaria de Assistência Social do governo.
QUAIS LOCAIS FORAM ALVOS DE BUSCA E APREENSÃO?
Hotéis e pensões clandestinas, ferros-velhos no entorno da cracolândia, prostíbulos, barracos na favela do Moinho e lojas de celulares roubados na Santa Ifigênia.
COMO HOTÉIS E PENSÕES SÃO USADOS PELO TRÁFICO DE DROGAS?
De acordo com a investigação, esses endereços são alugados por laranjas do crime organizado e funcionam como esconderijo de drogas, pontos de prostituição e por usuários para consumirem entorpecentes.
QUAL A PARTICIPAÇÃO DO PCC NA REGIÃO?
A organização criminosa, segundo os promotores, comanda o tráfico de drogas na cracolândia e gerencia as atividades que dão suporte à atividade criminosa, como hotéis e pensões, estacionamentos, ferros-velhos e prostíbulos.
DE QUE FORMA OS FERROS-VELHOS PARTICIPAM DAS ATIVIDADES CRIMINOSAS?
As investigações apontaram que donos desses estabelecimentos usam drogas e bebida alcoólica para pagar os usuários de drogas em troca de produtos recicláveis. Nesses endereços há também receptação de frutos de roubos e furtos.
HÁ ENVOLVIMENTO DE GUARDAS-CIVIS?
Sim, existe essa suspeita. Os promotores identificaram a atuação de ao menos quatro agentes da segurança municipal em esquema de cobrança de taxas mensais a comerciantes da região em troca da garantia de manter os usuários de drogas longe das lojas. Um ex-integrante da GCM (Guarda Civil Metropolitana) é investigado por comércio ilegal de armas.
POR QUE FORAM FEITAS BUSCAS E APREENSÕES NA FAVELA DO MOINHO?
Segundo o Gaeco, a favela localizada em uma área férrea às margens da avenida Rio Branco é uma espécie de quartel-general do crime na região central, por estar equipada câmeras de monitoramento, vigilantes e antenas de comunicação capazes de captar o sinal dos rádios transmissores das polícias.
A favela também teria barracos usados por traficantes para embalar drogas, além de ser cenário para sessões do chamado "tribunal do crime", que julga extrajudicialmente infrações a regras estabelecidas pela organização criminosa.
QUANTAS PESSOAS FORAM PRESAS?
A megaoperação resultou em dez prisões, cinco preventivas e cinco em flagrante além de três pessoas levadas para averiguação. Entre os detidos, estão Leonardo Monteiro Moja, o Léo do Moinho, apontado como a liderança do PCC na região central, e Janaína Xavier, suspeita de chefiar o tráfico em um hotel na alameda Barão de Piracicaba. Ela foi candidata a vereadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) em 2020.
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