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Editor da Science vê 2025 como 'um dos anos mais tumultuados da história' da ciência nos EUA

Por Folha de São Paulo

27/11/2025 15h42 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em um editorial publicado nesta quinta-feira (27), o editor-chefe do grupo Science, Holden Thorp, classificou 2025 como "um dos anos mais tumultuados da história" da ciência nos Estados Unidos. Os cortes da gestão Donald Trump, segundo ele, atingiram projetos relevantes e podem levar à perda de uma geração de talentos na área.

Professor na Universidade de Georgetown, em Washington, Thorp é desde 2019 editor-chefe do grupo Science, que inclui a revista científica homônima. Ele é químico de formação.

Na avaliação de Thorp, as medidas impostas pela administração do republicano têm "efeitos particularmente danosos para o público tradicionalmente excluído da ciência" -as ações afetaram programas que tinham inclusão e diversidade como meta. Ele também mencionou a possível repercussão negativa na atração de pesquisadores estrangeiros para atuar em solo americano.

"Isso é ruim para todos. Os EUA perderão talentos excepcionais necessários para realizar pesquisas e a comunidade científica mundial perderá excelentes cientistas", disse o professor à Folha.

Em seu texto, o docente escrever ser "ainda mais desanimador que a principal motivação para essas dolorosas perdas seja o uso político [de Trump] em atacar não apenas a ciência, mas a educação superior de forma mais ampla".

"Como os principais líderes acadêmicos americanos e suas instituições contribuíram para a situação? Nem todos querem participar dessa discussão; isso é visto como travar uma equivalência moral com políticos. Eu discordo", escreveu Thorp, ao lembrar que muitas das instituições que tiveram os maiores cortes do governo federal se dobraram aos ataques do republicano.

O presidente pressionou algumas das principais universidades americanas e ameaçou cortes de verbas federais se projetos não fossem cancelados. Columbia demitiu 180 funcionários. Harvard, por sua vez, não aceitou a interferência e viu, em setembro, uma juíza revogar os cortes determinados pelo governo.

O Departamento da Educação demitiu metade dos funcionários, e as agências nacionais de ciência e saúde interromperam programas de décadas, incluindo o de políticas de erradicação da malária e do HIV.

Para Thorp, existem raízes mais profundas para o apoio de parte dos americanos aos cortes: só entendem a importância de ser beneficiário de bolsas e projetos apoiados pelo governo aqueles que reconhecem também o trabalho acadêmico por trás dos cursos universitários e programas de pós-graduação no país. E é aí que está o problema.

Conforme um dado citado no editorial, "42% dos americanos apoiam a educação superior, o que é quase idêntico à porcentagem dos que detêm um diploma universitário". Dessa forma, para Thorp, há um distanciamento entre uma parcela dos americanos e aqueles que compreendem a importância do incentivo à educação de nível superior e à pesquisa.

Na avaliação do editor, é preciso reconhecer aqueles "que continuam a fazer um excelente trabalho de ensino, apesar do clima desanimador".

"Aqueles que inspiram a próxima geração de cientistas merecem elogios que sejam iguais aos dados a indivíduos que fazem impressionantes avanços científicos. Certamente, será difícil alcançar novos avanços sem o contínuo trabalho desses educadores", afirmou ele.


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