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Distritos mais pobres de SP têm mais infectados por coronavírus do que os ricos, diz estudo

Por Folha de São Paulo

01/07/2020 18h07 — em
Variedades



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A segunda fase de um estudo para verificar a presença do novo coronavírus em São Paulo mostrou que cerca de 16% da população nos bairros mais pobres da cidade foi infectada.

O número é mais que o dobro do observado nos distritos mais ricos da cidade, que registrou 6,5% de pessoas que já tiveram contato com a Covid-19.

Ao todo, a pesquisa revela que 11,4% de toda a população acima de 18 anos da metrópole foi infectada pelo coronavírus, ou seja, 958 mil pessoas. O número representa um aumento de 2,4 vezes entre 4 de maio (quando foi publicado o primeiro mapeamento) e 15 de junho.

A pesquisa, que analisou 1.183 amostras de sangue, mostrou uma incidência 2,5 vezes maior nos participantes que se identificam como negros do que brancos --19,7% versus 7,9%.

O números revelaram ainda que a prevalência da Sars-Cov-2 é 4,5 vezes maior nos indivíduos que não completaram o ensino fundamental (22,9%) na comparação com os que terminaram o ensino superior (5,1%).

Além disso, os participantes que vivem em habitações com cinco ou mais indivíduos apresentam uma soroprevalência quase duas vezes maior do que aqueles que habitam com um ou dois indivíduos --15,8% e 8,1%, respectivamente.

Celso Granato, professor da Unifesp e diretor clínico do grupo Fleury, afirma que o resultado mostra como a periferia da cidade é mais penalizada e, por isso, diz é preciso trabalhar para reduzir a velocidade de expansão da Covid-19.

Segundo Beatriz Tess, professora de USP, a desigualdade social já era esperada nos casos de coronavírus. "Mas acho que a pesquisa dá a magnitude dessa diferença."

O inquérito sorológico feito em São Paulo é liderado pelo Grupo Fleury em parceria com a ONG Instituto Semeia e com o Ibope Inteligência, e tem apoio financeiro do Todos pela Saúde, fundo do Itaú Unibanco. Participam do esforço a Faculdade de Saúde Pública da USP, a Faculdade de Medicina da USP e a Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

O resultados da segunda fase do mapeamento foram divulgados nesta quarta-feira (1º), durante uma videoconferência.

Os envolvidos afirmaram que os dados refletem a situação de duas a três semanas atrás, já que a segunda etapa do estudo que mapeou a parcela da população que já contraiu o novo coronavírus na capital começou no dia 15 de junho, poucos dias após o início da reabertura gradual da cidade, e colheu amostras até 24 de junho.

A soroprevalência da infecção pelo vírus Sars-CoV-2 foi medida na população de todo o município, separando os 96 municípios entre os 60 distritos com maior renda e os 36 distritos com menor renda.

A pesquisa analisou amostras em 115 setores censitários. Em cada setor, foram sorteadas 12 residências, e todos os moradores sorteados foram convidados a participar. Não foram coletadas amostras de menores de 18 anos.

A próxima publicação está prevista para a primeira quinzena de agosto, quando será possível ter um retrato melhor dos impactos da reabertura gradual na cidade, segundo os pesquisadores do projeto.

O objetivo do estudo é avaliar a prevalência da Covid-19 no município, fornecendo assim ferramentas para monitorar a evolução da pandemia na cidade ao longo do tempo.

A primeira etapa do projeto, concluída em maio, avaliou moradores dos três bairros com maior incidência de casos e outros três com maior número de óbitos por 100 mil habitantes (Morumbi, Jardim Paulistano e Bela Vista, e Água Rasa, Belém e Pari, respectivamente) e apontou que cerca de 5% da população desses locais já teve contato com o vírus.

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